ATA DA SEXAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 14.06.1989.
Aos quatorze dias do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Primeira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos, e solicitou ao Ver. Luiz Braz que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Sexagésima Sessão Ordinária, que foi aprovada. A seguir, foram encaminhadas à Mesa as seguintes proposições: pelo Ver. Giovani Gregol, 02 Projetos de Lei do Legislativo nºs 08/89 (proc. nº 699/89), e 09/89 (proc. nº 700/89); pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 76/89 (proc. nº 1640/89); pela Verª. Letícia Arruda, 03 Pedidos de Providências; 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Mano José, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Executivo nº 22/89 (proc. nº 1711/89); pelo Ver. Wilson Santos, 02 Pedidos de Informações; 01 Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 04/89 (proc. nº 1148/89). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 491; 492; 493; 495; 496/89, do Sr. Prefeito Municipal; 108/89, do Consulado do Paraguai. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos comunicou estar se afastando da presidência do PL do Rio Grande do Sul, que passa a ser assumida pelo ex-Prefeito de São Gabriel, Sr. Baltazar Balbo Teixeira. Esclareceu os motivos que o levaram a tomar essa decisão, em face de acreditar na necessidade de renovação da direção do PL e desejar dedicar-me mais à defesa do liberalismo nesta Casa. Disse que a ideologia dominante no País é a do intervencionismo do Estado, salientando que seu Partido busca ser um instrumento de mudança dessa situação. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Ver. Clóvis Brum, solicitando alterações na ordem dos trabalhos, passando-se ao período de ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 19/89, considerando-se rejeitado o Veto Parcial a ele aposto, por vinte e dois votos SIM contra sete votos NÃO, tendo sido discutido pelos Vereadores Clóvis Brum, Dilamar Machado, Leão de Medeiros, João Dib, Gert Schinke, Omar Ferri e Cyro Martini, encaminhado à votação pelo Ver. Luiz Braz, e tendo sido escrutinadores os Vereadores Ervino Besson e Clóvis Brum. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 20/89. Ainda, foi aprovado Requerimento do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 20/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Artur Zanella comentou reportagem do Jornal Zero Hora, sobre a pavimentação das ruas de Porto Alegre. Disse que o principal problema para agilizar essa pavimentação encontra-se em convênio firmado, para esse trabalho, entre a SMOV e o DMAE. Salientou possuir Projeto de Lei na Casa, de alteração desse convênio, solicitando a busca de meios que viabilizem a agilização no trabalho de pavimentação das ruas da Cidade. Registrou seu repúdio à possibilidade de fechamento das Avenidas Assis Brasil e Farrapos. O Ver. Luiz Braz lamentou recusa do Secretário Municipal do Meio Ambiente, de alimentos da CEASA para os animais do Mini-Zôo do Parque Farroupilha. Contraditou informação divulgada pelo Jornalista Flávio Alcaraz Gomes, de que as famílias da Vila Dr. Juliano Moreira recebiam água gratuitamente do Estado. Discorreu sobre os problemas enfrentados por essas famílias, salientando que o Governo Estadual vem impedindo a urbanização daquela área pelo Município. Declarou que as famílias ali residentes vem proporcionando melhorias ao local. O Ver. Omar Ferri registrou a presença, na Comissão de Justiça e Redação da Casa, de ex-funcionário da Empresa Zivi-Hércules, que denunciou cárcere privado e pressões sofridas, visando sua assinatura em documento no qual confessaria ser autor de furtos naquela empresa e desistiria da estabilidade que lhe garante a Lei por ser integrante da CIPA. Declarou que tais fatos foram confirmados por outros funcionários da empresa e que a CJR tomará as providências necessárias para a abertura de inquérito policial visando a apuração das responsabilidades desse caso. O Ver. João Motta denunciou diversas irregularidades observadas nas relações de trabalho em grandes empresas da Cidade, como problemas na alimentação fornecida aos servidores e pressões sofridas pelos mesmos. Reportou-se ao pronunciamento do Ver. Omar Ferri, acerca de cárcere privado denunciado por funcionário da Empresa Zivi-Hércules, comentando Comissão Externa constituída na Casa para estudo do assunto. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Wilson Santos referiu-se ao pronunciamento do Ver. Artur Zanella, acerca dos problemas de pavimentação de ruas existentes em Porto Alegre, relatando acidente ocorrido na Rua João Dahne, em face do péssimo estado da pavimentação. Protestou contra medida anunciada pela SMT, de fechamento das Avenidas Assis Brasil e Farrapos, permitindo apenas a passagem de ônibus. Destacou ser essa medida ilegal e resultar em grandes prejuízos à comunidade. Ainda, ressaltou que isso acarretaria o uso de um expressivo contingente da Brigada Militar, desviando-o de seu trabalho na área de segurança da população. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vicente Dutra expôs à Casa o posicionamento de sua Bancada com relação a denúncia efetuada, junto a CJR, de agressões que teria sofrido funcionário da Zivi-Hércules. Relatou o encaminhamento dado ao assunto pela CJR, que buscou a abertura de inquérito policial a respeito. Declarou que para o PDS esta Casa não é um órgão judicial, não possuindo elementos para decidir sobre a veracidade da denúncia acima referida, o que o levou a criticar manifestações feitas na Casa, a respeito. O Ver. Vieira da Cunha falou sobre Comissão Externa constituída por esta Câmara, objetivando visita a ser feita à Empresa Zivi-Hércules, em face de denúncias de agressões a funcionários daquela empresa. Declarou entender que esta Casa, paralelamente às medidas judiciais pertinentes, deve tomar as medidas políticas quanto ao assunto. Lamentou a forma como vem sendo tratada pela imprensa a aprovação, por este Legislativo, de Projeto de Lei mudando o regime urbanístico da área onde se localiza a Vila Dr. Juliano Moreira. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Cyro Martini manifestou-se quanto a pronunciamentos feitos na Casa, acerca da Vila Dr. Juliano Moreira, relatando o processo de constituição dessa Vila. Disse estranhar a polêmica criada em torno do assunto, tendo em vista que as famílias ali reunidas já vivem na área há muitos anos sem que existisse preocupação da Fundação Zoobotânica quanto ao local. Declarou-se preocupado com o quadro político do País, em especial com referência às eleições presidenciais de novembro, analisando a importância de um real esclarecimento da população a respeito. O Ver. Adroaldo Correa comentou pronunciamentos efetuados na Casa: quanto a recusa, pela SMAM, de alimentos da CEASA para os animais do Mini-Zôo do Parque da Redenção, esclarecendo que o acordo a respeito vem sendo feito com o DOSUL; acerca da pavimentação das ruas da Cidade, dizendo dos parcos recursos que existem para a área; da Vila Dr. Juliano Moreira, expondo os objetivos da aprovação, pela Casa, de projeto alterando o regime urbanístico daquele local. Registrou o lançamento, hoje, pela Frente Brasil Popular, do Comitê Pró-Candidatura Luís Inácio da Silva à Presidência da República. Também, anunciou a realização, no próximo fim-de-semana, do VI Congresso Nacional da CUT. Rejeitou a idéia de que as eleições presidenciais já estariam decididas no momento atual. E o Ver. Airto Ferronato solicitou às Lideranças da Casa providências no sentido de que seja definido um horário para pronunciamento das Lideranças, visando a garantia da assistência, pelas mesmas, das respostas dos outros Vereadores às manifestações por elas efetuadas. Discorreu sobre as eleições presidenciais de novembro, dizendo serem as críticas ao funcionalismo público resultado da constatação de grupos de direita de que essa classe representaria o Estado. Analisou as repercussões disso resultantes nos números das pesquisas eleitorais e a situação atual dos partidos políticos do País. Defendeu o nome do Sr. Ulysses Guimarães para as eleições presidenciais de novembro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Clóvis Brum declarou que o candidato de seu Partido às eleições presidenciais, Sr. Ulysses Guimarães, deverá chegar em primeiro lugar ao segundo turno dessas eleições, falando do passado de lutas de S. Sa., durante a ditadura militar, em busca da democracia para o País. Traçou paralelo entre a bagagem política dos demais candidatos à Presidente da República do Brasil. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezoito horas e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn e Adroaldo Correa e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente.
(Assentimento da Presidência.) Requeiro, nos termos regimentais que, ouvido o
Plenário, se faça a inversão dos trabalhos, começando pela Ordem do Dia em vez
do Grande Expediente.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, requeiro a V. Exª que,
tendo em vista uma comunicação urgente que gostaria de fazer ao Plenário,
seja-me concedido o tempo de Liderança, antes de se votar o Requerimento do
Ver. Clóvis Brum acerca da inversão da ordem dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): A Mesa concederá tempo de Liderança ao
Ver. Wilson Santos e, posteriormente, colocará em votação o Requerimento
apresentado pelo Ver. Clóvis Brum. A palavra, com o Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, utilizo
meu tempo de Liderança para dar ciência a esta Casa sobre o fato de estar-me
retirando da Presidência do Partido Liberal, no Rio Grande do Sul. Isso ocorre
em virtude da necessidade de renovação e, por isso, os esclarecimentos. Quero
deixar claro que tenho a convicção de que a ideologia dominante no Brasil, associada
ao gigantismo do País, vem impedindo-nos de ser uma Nação livre, desenvolvida,
próspera e rica. O liberalismo se insurge contra essa ideologia dominante e
contra os que a sustentam, havendo necessidade de uma revolução pacífica,
permanente, para que possamos alterar a estrutura dominante a reencontrar o
caminho da liberdade. Para isso, impõe-se um trabalho árduo e o PL se coloca
como um instrumento de ação política do liberalismo. Quero dizer que me
empenhei de corpo e alma, à testa do PL do Rio Grande do Sul durante um ano,
inclusive invoco o testemunho do Ver. Vicente Dutra, do PDS, com o qual, há 45
dias atrás, eu confidenciava e dizia que eu estava defendendo a tese junto a
Executiva Nacional da importância de uma renovação, aliada ao fato de eu ter,
pelo voto direto, no último pleito, granjeado um espaço político nesta Casa, no
Parlamento da Capital do Estado do Rio Grande do Sul e que eu entendia que
havia necessidade de se renovar a cúpula do Partido no Rio Grande do Sul para
que eu pudesse então me dedicar com maior afinco ao liberalismo a nível
municipal, aos interesses do Partido nesta Casa e, semana passada, pedi à
Secretária Geral do Partido, Profª Marili M. Rodrigues, que é minha chefe de
gabinete, que fosse a Brasília defender a necessidade desta renovação. E levava
ela um elenco de nomes, onde eu indicava, neste elenco de nomes, para que
fizéssemos uma renovação. E temos, então, uma renovação aonde permanece na
Executiva o meu tesoureiro, Ônix Dorneles Lorenzoni, que foi candidato a Vice-Prefeito
em Porto Alegre; permanece na Secretaria Geral do Partido a Profª Marili
Maieski Rodrigues, minha chefe de gabinete; permanece na Executiva outro
integrante da minha Assessoria, Antônio Valdir Padilha. Mas, dentre o elenco de
nomes que eu indiquei, nós estamos tendo uma renovação no nome de Índio
Cândido, no nome de Zilda Maribel Gonzales, minha assessora também, que entra
para a Executiva. Temos a inovação do nome de uma figura política importante,
presente nas galerias, nesta Casa, trata-se de Alberto Moura, que concorreu a
Prefeito por Uruguaiana, que ocupará a posição de 2º Vice-Presidente do
Partido, e na Presidência do Partido estará a figura de Baltazar Balbo
Teixeira, ex-Prefeito de São Gabriel. E eu aproveito a presença do Ver. Vicente
Dutra, do PDS, com quem já havia confidenciado há 45 dias, que eu estava
lutando, por um aspecto de amizade, estava lutando sem vínculo nenhum, estava
lutando para que meu Partido tivesse uma renovação e que eu estava me
afastando, entendendo que a renovação era benéfica e que eu entendia também que
seria muito mais útil neste momento defendendo o liberalismo nesta Casa. O meu
primeiro pedido a Brasília foi rejeitado, naquela época, e o Ver. Vicente Dutra
sabe que foi rejeitado. Mas na semana passada voltei a carga e tive a
aquiescência, a decisão favorável de Brasília, e estou entregando a Presidência
do Partido ao ex-Prefeito de São Gabriel, Baltazar Balbo Teixeira, e estarei
aliado ao Baltazar e à nova Executiva para continuarmos conduzindo os destinos
do PL para um patamar elevado que lhe é reservado num futuro político desta
Pátria e os desideratos que são elevados de renovação dos usos e costumes da
política brasileira. Era isso, Sr. Presidente, que eu tinha a comunicar.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Colocamos em votação o Requerimento do
Ver. Clóvis Brum para inversão da ordem dos trabalhos, ficando a Ordem do Dia
em primeiro lugar, depois a Pauta e, posteriormente, o Grande Expediente e
Comunicações.
Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Solicito
ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a
Ordem do Dia.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Há “quorum”,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC.
Nº 0841/89 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 019/89, de
autoria do Ver. Clóvis Brum, que altera a Lei nº 6.091, de 14 de janeiro de
1988, dando nova redação e incluindo artigo.
- da CUTHAB. Relator Ver. João Dib: pela rejeição do Veto Parcial;
- da CEDECON. Relator Ver. Leão de Medeiros: pela aceitação do Veto
Parcial.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Com a palavra, o Ver.
Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não devo
ocupar nem o tempo regimental para dizer apenas que o Veto, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, na verdade englobou não só a vida útil dos veículos de
transporte escolar da Cidade como também vetou outras medidas, por exemplo, o
art. 1º, vetado pelo Prefeito. Havia uma nova redação para o art. 6º que falava
na substituição de veículo escolar e o transferência desses veículos. O que
ocorre, hoje, no transporte coletivo, no táxi convencional e no táxi-lotação é
que basta levar o carro lá na SMT e é trocado automaticamente. No transporte
escolar não ocorre isso, se a Casa derrubar o Veto não ocorrerá isso, porque
para a transferência do veículo, ou para a substituição do veículo por outro
mais novo, será necessária uma autorização da direção da escola e também da
entidade representativa dos pais de alunos da escola, cuja documentação será
homologada pela SMT, mas vejam, existe para estes casos de transferência e
substituição de veículos uma participação dos alunos através da associação dos
pais de alunos e também da direção da escola. Esta documentação dos pais de
alunos e da direção da escola traz o transportador para a intimidade da escola,
dá aos alunos e aos pais dos alunos uma maior segurança, porque o transportador
deixa de ser um transportador desconhecido para ser aquele que vai operar com a
escola, com a direção da escola, com os pais de alunos.
Esta
matéria é por demais conhecida dos Vereadores, não posso chegar aqui e ter a
pretensão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que devo esclarecer à Bancada do
PTB, do PDS, do PFL, do PDT, do PSB e do próprio PT. Não. Rigorosamente, não
vou trazer nada de novo, porque se não conhecem, digamos, as matérias já
votadas nesta Casa sobre o assunto, conhecem o dia-a-dia do transporte escolar,
na prática, sabem que o transporte escolar de Porto Alegre é o melhor do País,
é o que não tem acidentes. Então, o dia-a-dia de muitos Vereadores aqui, que
sei têm os seus filhos transportados no transporte escolar de Porto Alegre,
este dia-a-dia já justifica não só a colocação deste artigo, em que os pais dos
alunos, através de suas entidades representativas e a direção da escola, passam
também a decidir sobre a transferência de carros e a substituição. Por que
sobre a transferência? Porque, às vezes, o transportador, já cansado daquela
atividade, resolve deixá-la e transfere seu carro para outra pessoa, essa outra
pessoa já recebe a freguesia, o colégio, já recebe tudo pronto, não tem o menor
trabalho, e talvez não vá ter o mesmo cuidado que aquele transportador, que
envelheceu cuidando a escola, e transportando as crianças daquela escola.
Por
isso acredito que a Bancada do PDS, PTB, PDT, PFL, PSB, PL e PT haverão de
derrubar o Veto, notadamente a Bancada do PT. Porque é um caso especial a
Bancada do PT, o Vereador Gert Schinke foi transportador escolar, e tem todas
as razões de chegar nesta tribuna e falar sobre o transporte escolar, e tenho
certeza que levará da sua Bancada a unanimidade dos votos. E, não é uma questão
de votar contra o Prefeito, Ver. Luiz Braz, o PT é um Partido democrático. A
posição do Prefeito é lá no Paço Municipal, a Bancada tem autonomia,
independência democrática para se manifestar. E eu sei que neste momento a
Bancada do PT vai acompanhar, não só o Parecer favorável ao Projeto, da lavra
do Ver. João Motta, Vice-Líder da Bancada, como também acompanhar essa luta do
Ver. Gert Schinke, que inveja todos nós, dentro e fora de sua Bancada, na busca
de melhores condições para o transporte escolar. Eu acho que o Ver. Gert
Schinke não faz nada mais do que a sua obrigação: foi transportador, conhece o
assunto, sabe que o que está se votando é sério.
Eu
acredito, Ver. Vieira da Cunha, e digo a V. Exª: a Bancada do PT está unida;
corro o risco de falar em nome do PT, do glorioso Partido dos Trabalhadores:
acho que a Bancada do PT vai unida em torno do seu companheiro Gert Schinke, no
sentido de derrubar esse Veto.
Então,
eu acho que esse projeto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ele não é uma
questão de se derrubar Veto ou de se manter Veto, é uma necessidade de se dar
um tempo mais de vida útil ao veículo escolar, que em Curitiba é usado para
transportar caixas, mercadorias, fazer carreto. Aqui, Ver. Zanella, os veículos
só executam uma coisa: transporte de passageiros. Levam de manhã os passageiros,
o carro fica na maioria das vezes estacionado na frente da escola, e só retorna
a circular quando pega os alunos novamente. Quer dizer, a quilometragem é
mínima, a conservação desses carros é superconservada, porque 95% das pessoas
que dirigem esses carros são proprietários, é o dono da Kombi, é o dono do
microônibus que dirige o seu veículo. Então, ele quer andar num carro limpo,
num carro bem apresentado, num carro conservadíssimo, como é a frota do
transporte escolar.
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) O nobre Vereador tem razão, porque o meu filho é usuário de um
microescolar e quem dirige o micro é a esposa do proprietário.
O SR. CLÓVIS BRUM: Aliás, se costuma dizer, Ver. Edi
Morelli, e foi muito oportuno o aparte de V. Exª, o transporte escolar, na sua
grande maioria é microempresa, é a esposa, são os filhos, o genro que trabalham
nestes veículos. Em conseqüência, só poderão ter o veículo conservado. Se nós
pegarmos uma Kombi, ano de fabricação 1985, que opere em qualquer empresa, e
uma Kombi 1980, do transporte escolar, a kombi, ano de fabricação 1980, está
100% mais conservada e em melhores condições de segurança que a Kombi 1985 que
opera em qualquer empresa.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto deixou de ser meu, este Projeto é da
Casa, a maioria dos Vereadores votaram neste Projeto e aprovaram. A manutenção
deste Veto traz prejuízo aos transportadores. Lamentavelmente, esgotou o meu
tempo.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, o seu tempo está esgotado,
mas o Ver. Wilton Araújo cede o seu tempo a V. Exª.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradecendo a gentileza do Ver. Dilamar
Machado, que era o primeiro inscrito, eu só quero dar um aparte ao Ver. Ervino
Besson. Antes, eu quero agradecer sensibilizado o cavalheirismo do Ver. Wilton
Araújo que, na última segunda-feira, declarou aos empresários, empresários,
sim, porque quem tem microempresa é empresário, não são daqueles empresários,
mas são desses, o Ver. Wilton Araújo dizia que, se não me falha a memória, votaria
na derrubada do veto, porque acreditava na qualidade da conservação da frota do
transporte escolar, até porque conhecia de perto a operação desse serviço.
Portanto, Ver. Wilton, ao agradecer a concessão de tempo de V. Exª, também faço
justiça a sua posição. Um aparte ao Ver. Ervino Besson.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Concordo plenamente com seu discurso, e digo que também votarei a
favor, porque conheço diversos proprietários que fazem esse tipo de transporte,
inclusive tenho um filho que se utiliza desse serviço, e sei do bom estado, do
bom trabalho e da boa conservação dos veículos que transportam os alunos.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite? (Assentimento do orador)
Apenas para, talvez, corrigir uma parte do discurso de V. Exª que está muito
bom, como sempre, mas quando V. Exª fala sobre microempresa, e eu sabendo o
valor desses ônibus, e todos nós sabemos dos limites de faturamento que tem uma
microempresa, então se trata de uma empresa doméstica, e não de uma
microempresa, porque esta tem uma legislação própria, ficando até proibitivo se
fazer uma microempresa para esse gênero de transporte.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite? (Assentimento do orador.)
Não sei se V. Exª se lembra, sempre tão assoberbado de tarefas, que na outra
parte do Projeto, aquela que aumentava o número de passageiros, fui
radicalmente contra, por causa da legislação, até nem era pelo número de
passageiros. Agora, nesta parte, conhecendo como trabalham estas pessoas,
evidentemente que serei a favor, vou votar a favor da manutenção do Projeto, e
até nem vou encaminhá-lo e discuti-lo da tribuna, porque V. Exª o está fazendo
com o brilhantismo de sempre.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço a Liderança do PFL, e encerro na
certeza de que haveremos de dar mais uma oportunidade aos transportadores de
escolares na Cidade.
Encerro,
Sr. Presidente, na expectativa de ouvir do próximo orador, que deve ser o Ver.
Dilamar Machado, um discurso, Sr. Presidente, capaz de convencer algum eventual
Vereador que não esteja acompanhando o Projeto e que a partir do discurso do
Ver. Dilamar Machado possa finalmente acompanhar o nosso Projeto.
O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu gostaria apenas de me manifestar para participar com alguma cota
na propriedade do seu Projeto, de sua iniciativa. Eu também tenho vários
proprietários de transporte escolar como amigos e tenho acompanhado de perto o
carinho e o zelo que eles têm no que concerne às camionetas e aos microônibus.
Eu até acho excessivo este cuidado que nós temos ao demarcar, ao delimitar o
tempo útil de uso do veículo para efeitos de transporte escolar. O transporte
escolar não sofre o desgaste que sofre um táxi-lotação, o táxi convencional e o
ônibus e, a par disto, ele dispõe de um tempo que estas outras modalidades de
transporte não dispõem para a manutenção, por isto vou até mais longe, acho que
há um excesso de nossa parte, de parte do Poder Municipal quando coloca tempo
útil de uso, de validade para o veículo de transporte escolar. Por isto é que
eu me somo as suas palavras que já me parecem plenamente conclusivas no que
concerne a este tipo de transporte.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço a V. Exª e finalizo dizendo à
Casa que recebi todos os apartes nesta Casa como uma contribuição importante,
porém a manifestação de V. Exª, eu devo esclarecer e deixar claro no meu
pronunciamento, não é uma manifestação isolada de um Vereador da Câmara
Municipal de Porto Alegre, mas é a manifestação de um homem que teve sob os
seus ombros a responsabilidade do DETRAN do Rio Grande do Sul, e quando o
ex-Diretor do Detran vem, hoje investido nas funções de representante do povo,
da sua tribuna dizer que há realmente condições de segurança para se aumentar a
vida útil dos veículos de transporte escolar, eu vou tranqüilo hoje para a
Casa. Seja a decisão que for, nobre Vereador, o voto de V. Exª soma aos demais
com uma distinção, porque o voto de V. Exª, pelas funções que desempenhou junto
à Secretaria de Segurança Pública, neste caso considero o voto qualificado,
porque V. Exª, que teve sob sua responsabilidade a direção do Detran, vem aqui
dizer da qualidade, da segurança e da conservação desses veículos e que, em
função da qualidade, da segurança e da conservação desses veículos, não era
necessário nem que se estabelecesse vida útil. Eu não tenho outras palavras a
não ser concluir dizendo: V. Exª fez nesta tarde, talvez, o mais belo discurso
neste Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
análise e o debate do Projeto de autoria do nobre Ver. Clóvis Brum, com
Emendas, e que volta a esta Casa com o veto parcial do Prefeito Olívio Dutra, é
oportuna quando lembramos que, quando da presença do Chefe do Executivo nesta
Casa há poucos dias, levantamos diretamente esta questão ao Prefeito Olívio
Dutra: se não era a hora de a Secretaria Municipal dos Transportes analisar, de
forma racional e realística, um estudo para encaminhar à Câmara uma Lei que
altere o tempo de vida útil do próprio ônibus, do transporte coletivo clássico,
que transporta diariamente centenas de milhares de passageiros nesta Cidade? Eu
não sei, não conheço - talvez o Ver. Dib, que é um estudioso profundo da matéria
saiba - como é a Legislação no Rio de janeiro, em São Paulo, em Recife, em Belo
Horizonte, em Salvador, em Curitiba, em Florianópolis, mas há poucos dias, numa
viagem que fiz a Buenos Aires, constatei que na capital da Argentina, uma
cidade talvez a mais bonita da América Latina, cidade mais importante do ponto
de vista cultural, uma cidade com imensa densidade populacional e uma malha
urbana bem elaborada, os ônibus que servem o transporte coletivo, muitos deles
têm mais de 30 anos de fabricação, e são ônibus conservados, que diariamente
trafegam pelas ruas de Buenos Aires, transportando milhões de passageiros.
Parece-me que essa questão é fundamental na análise do Projeto do Ver. Clóvis
Brum. Em que País nós vivemos? Vivemos, por acaso, num País do 1º Mundo, em que
a população tem uma renda per capta muito alta, em que comprar uma
kombi, um microônibus ou um ônibus é coisa que se possa fazer todos os dias,
com grandes facilidades, com juros baixos, com prestações adequadas para que
aquele que trabalha diuturnamente no transporte possa, de 10 em 10 anos, se dar
ao luxo de trocar o seu veículo usado por um zero quilômetro? Ou nós vivemos
num País empobrecido, em que a renda per capta é das mais baixas do
mundo, pois estamos, no ranking mundial, na miserável situação de um dos
últimos colocados em matéria de renda, em matéria de salário-mínimo? E onde
está a segurança do veículo? Na sua manutenção, na sua conservação, ou no seu
ano de fabricação? Acidente, pela própria acepção da palavra, pode ocorrer com
uma kombi zero quilômetro saída da revendedora, meia quadra depois; e pode
ocorrer com uma kombi que tenha 8, 10, 15, 20 anos de fabricação. Por que
acidente? Eu estou falando em nome da Bancada do PDT. Não é uma questão fechada
da Bancada, mas uma questão racionalmente examinada, analisada, e uma decisão
de Bancada. Até porque no bojo desse Projeto está inserida uma Emenda do nobre
Vereador Líder da nossa Bancada Vieira da Cunha, que determina, a partir da
alteração do tempo de vida útil dos veículos que servem o transporte escolar,
que a sua vistoria passe a ser mensal, numa questão de cautela. E o Prefeito
utiliza, nos argumentos de Veto, que a Câmara está tão preocupada com a
alteração do tempo de vida útil que está passando a exigir uma vistoria mensal.
Eu
acho que a vistoria mensal, para um veículo com mais de 10 anos de vida, é até
importante para o próprio transportador. Terá que, todos os meses, dar uma
passada na SMT e ter o registro de que seu veículo está em condições de
trafegar. Muitos ônibus que têm 8 ou 9 anos de vida útil, em Porto Alegre, só
têm apenas o chassis do ano de fabricação, o resto todo já foi trocado. Então,
não é o ano de fabricação o que importa, é o cuidado, a manutenção. Vivemos num
País pobre que não pode-se dar ao luxo de fazer esse tipo de exigência e de
sacrifício de quem trabalha. Quem são os transportadores? Conforme já disse o
Ver. Clóvis Brum, com muita propriedade, são pessoas que têm kombis e
microônibus, muitas vezes transportam seus próprios filhos, parentes, vizinhos,
amigos. Ora, Sr. Vereadores, quantas vezes nós, ao viajarmos de avião,
embarcamos num 707? Sabem V. Exas qual o ano de fabricação de um
707? E os Fockers? Existem aviões desse tipo voando pelo País e são da época da
segunda Guerra Mundial, têm apenas 50 anos de vida! Daí, pode-se ver que não é
o ano de fabricação que importa, é, isto sim, o estado de conservação.
Portanto, em nome da Bancada do PDT, declaro que votaremos favoravelmente ao
Projeto do Ver. Clóvis Brum com Emenda do Ver. Vieira da Cunha, com o consenso
desta Casa e contra o Veto, porque entendemos que o argumento utilizado pelo
Prefeito é um argumento universal, segurança. Mas, vivemos num momento em que a
segurança faliu em nosso País! Devem os Vereadores terem tomado conhecimento de
que ontem, no interior do Estado ou do País, não me lembro bem, a população de
determinada cidade resolveu fazer justiça pelas próprias mãos, massacrando
quatro indivíduos que haviam seqüestrado um casal e, após terem recebido o
dinheiro do resgate, mataram a esposa do cidadão. A comunidade se revoltou,
entrou na cadeia e massacrou os quatro. Queria aproveitar este assunto,
transporte coletivo em Porto Alegre, para comunicar à Casa, especialmente à
Bancada do PT, que constatei que hoje em Porto Alegre - e parece que vamos
resolver hoje com os transportadores escolares - está ocorrendo, Ver. Flávio
Koutzii, uma espécie de massacre ao direito de trabalho dos taxistas, em função
de uma realidade nacional: o famoso CNP, cuja portaria foi aqui
cinematograficamente rasgada pelo Companheiro Vieira da Cunha que, de forma
política e muito séria, este Conselho vem aumentando o preço da gasolina. Isso
pesa também para os transportadores escolares, o preço do combustível. Já está
anunciado para amanhã ou depois um novo aumento. Ocorre que quando aumento o
preço do combustível é claro que isso pesa diretamente no custo do táxi. E o
táxi não é um transporte de massa, é um transporte seletivo, é um transporte
para uma certa camada da população que utiliza para ir a passeio, a serviço, às
compras e, eventualmente, também alguém do povo, de menor poder aquisitivo,
utiliza quando ocorre uma doença, uma necessidade e é muito comum que um
taxista transporte um operário em urgência sem cobrar a tarifa.
Ocorre,
Ver. Flávio Koutzii, que quando aumenta a tarifa, aumenta o custo do
combustível, o taxista enfrenta imediatamente este custo, até que a SMT faça os
devidos estudos, o sindicato encaminhe o pedido para que seja readaptada a
tarifa ao novo valor. E aí vem a famosa tabela.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Mas já foi definido um novo método de cobrança, que é por percurso.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sim, Vereador, mas é uma tabela, ainda
hoje eu usei o taxi e eles estão com a tabela.. Eles estão trafegando com uma
nova tarifa, com uma nova tabela, mas amanhã eles terão prejuízo em seu
trabalho. Então, a proposta que eu faço, Ver. Flávio Koutzii, através de um
Projeto que estou encaminhando à Casa, é de aumentado o preço do combustível
seja permitido automaticamente ao taxista a utilização da bandeira 2. A
Bandeira 2 aumenta em 14% o custo da tarifa, mas isso será permitido de acordo
com o projeto que encaminho, desde que o aumento do combustível seja igual ou
superior a 14%. Isso é uma espécie de gatilho para o motorista, uma gatilho que
atualize a sua tarifa - não faria este tipo de projeto para o ônibus, porque é
muito mais complicado e são muitos fatores, são linhas fixas, tarifa social. É
uma série de fatores que influi na tarifa do ônibus. Mas para o táxi, me parece
que é mais do que justa a medida. E desde logo, peço a análise dos Companheiros
desta Casa, especialmente da Bancada governista, de todos os Vereadores, enfim,
para, quem sabe, possamos dar a mais esta categoria profissional da Cidade,
como daremos hoje aos transportadores escolares, não é nenhuma benesse, nenhum
privilégio, mas, pelo menos, o direito de trabalho e uma justa remuneração.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Leão de Medeiros.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que
beleza que é o nosso regime democrático. Esta Casa, hoje, está dando uma
demonstração de democracia. Há pouco ouvimos o Ver. Dilamar Machado, falando em
nome da Bancada do PDT, no exame deste Veto, a este Projeto de Lei, diz que a
Bancada do PDT está aberta na apreciação do seu problema. O mesmo se dá na
Bancada do meu Partido, o meu Líder, Ver. João Dib, se manifesta pela rejeição
do Veto e eu, da mesma Bancada, na qualidade de Relator na Comissão que participo,
sou pela aceitação do Veto.
Então,
vemos que estamos presenciando a democracia na sua essência. E aí me pergunto:
quantos lutam para a modificação do nosso regime democrático? Será que têm eles
a vivência plena do que seja democracia? Que participem de debates como este
que hoje estamos assistindo.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, me manifesto a favor do Veto e contra o Projeto de Lei de autoria do Ver. Clóvis Brum. Acima dos partidos políticos, acima dos interesses individuais e talvez até personalistas, deve prevalecer sempre o interesse coletivo. Confesso que não tenho a ventura e a felicidade de muitos dos que me antecederam nesta tribuna de serem amigos dos proprietários do transporte escolar mas isso não impede que tenha um juízo de valor a respeito desse serviço. Efetivamente, embora, não seja amigo deles e nem os conhecendo, sou usuário na qualidade de pai de um menor que participa do transporte escolar há longos anos e isso não impede também que tenha um juízo de valor extremamente favorável a essa categoria e a esses microempresários que atuam no setor. Realmente é um trabalho que os dignifica haja vista a qualidade de serviço que apresentam a sua clientela. Sem dúvida é um dos serviços que a nossa Capital pode se orgulhar tendo em conta a pouca incidência de acidentes nessa área. Mas, o quê está em jogo é o interesse coletivo, é a segurança dos menores que são levados no dia-a-dia por esses homens, por esses microempresários e aí um valor mais alto se levanta e faz com que venha a essa tribuna acolhendo o pedido de Veto de S. Exª o Sr. Prefeito Municipal. Não me agrada, pouco me importa o partido que eu seja, o quê importa, o interesse coletivo maior no caso que é a segurança das nossas crianças. Por isso apesar de no Projeto original do Ver. Clóvis Brum ter acompanhado, embora votação secreta, a extensão da vida útil do transporte coletivo, agora, refletindo melhor, na qualidade de Relator, especialmente com o ofício que me veio as mãos de S. Exª o Sr. Prefeito Municipal passei a refletir melhor e aí, na qualidade de homem de segurança pública, de homem de polícia é que me fez acompanhar o pensamento da Administração do nosso Município. Porquê, Ver. Gert Schinke, mudar aquilo que está bem quando tudo e quase tudo está mal; é falta de iluminação, é falta de tudo, e no entanto num serviço estamos bem que é exatamente o transporte escolar.
A
vida útil preconizada numa legislatura que não participei deu a essa categoria
e àquela clientela, aqueles jovens, aquelas crianças, uma certeza de vida e no
entanto, hoje, aqui, estamos preconizando que aquilo que está certo, que não
traduz nenhum atraso, possa ser um precedente para que dessa violência urbana
também seja vítima o transporte escolar.
Por
estas razões, Ver. Gert Schinke é que me fizeram sopesar bem a matéria e
acolher a proposta de aceitação do veto. E mais, alega-se que a mensalidade do
transporte escolar está onerada porque a vida útil do veículo é pequena e que
com o aumento da vida útil do veículo as mensalidades poderão ser diminuídas. Se
isso for verdade, acredito que as pessoas envolvidas com este problema deverão
ser melhor aproveitadas para equacionar o problema econômico do nosso País. Não
vi em nenhum setor da vida pública, estes argumentos prevalecerem, duvido que
se aumentando a vida útil dos veículos em circulação no transporte escolar, a
mensalidade venha a ser diminuída. É um argumento que a mim não convence,
portanto, não trás qualquer vantagem ao usuário desse serviço.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ilustre Ver. Leão de Medeiros, o Sr. sabe que os ônibus do
transporte coletivo podem rodar até o limite de treze anos de idade, a partir
de dez anos eles sofrem uma vistoria mensal, os táxi individuais, aqueles, não
estou me referindo aos táxi-lotação, táxi, táxi mesmo, eles podem trafegar até
12 anos de idade, eu quero lhe fazer uma pergunta; o Sr. que está tão
preocupado com a segurança, qual é a diferença que o Sr. vê entre um ônibus que
está trafegando com 12 ou 13 anos de idade, no limite dele, trafegando com cem
crianças dentro, levando uma escola de um lugar para outro, e uma kombi de
transporte escolar levando dez ou doze crianças dentro? Porque só a kombi
poderia ser permitido 10 anos de vida útil e ao ônibus que leva dez vezes mais
crianças, já que o Sr. alega que o cuidado com a criança tem que ser tão
grande, porque o ônibus então pode ter 13 anos de vida útil? Como é que o Sr.
me explica isso?
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Ver. Gert Schinke, tem coisa que talvez
eu não possa explicar, porque não conheço bem a sistemática do problema, mas um
valor bem mais alto se levanta que é a segurança das nossas crianças, e é
dentro deste aspecto que me restrinjo a examinar. Se temos um serviço que está
servindo bem a nossa coletividade, por que vamos entrar num retrocesso? E em
conseqüência, também, trazer um certo perigo para que aumente a violência
dentro do transporte escolar? Por que esta Casa há de se submeter a isto? É
mais um aspecto que deva ser examinado. E por essas razões, embora possa parecer
quase uma posição isolada, prefiro ficar com a consciência de que esta área
está bem servida do que corrermos o risco mais adiante de lamentar acidentes,
em decorrência do aumento da vida útil dos veículos que transportam escolares.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Leão de Medeiros, com toda a simpatia e respeito que
tenho por V. Exª quero fazer uma pergunta: Nós sabemos que o ônibus, por
exemplo, onde os motoristas são trocados quase que semanalmente, e V. Exª sabe
muito bem que cada profissional tem uma maneira de dirigir, logicamente a
duração do veículo se torna cada vez mais precária, porque cada profissional
dirige de uma maneira, e o veículo se torna cada vez mais sucateado. E nós
sabemos que o transporte escolar, normalmente, é feito pelos proprietários ou
pessoas da família. E depois a circulação é muito menor do que, por exemplo, o
ônibus.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Lembro ao nobre Vereador, que o que está
em exame é o transporte escolar, e sobre este aspecto é que me firmo. Se a
legislação do transporte urbano, comum, táxi, ou táxi-lotação, como disse o
Ver. Gert Schinke está inadequada às exigências da violência do trânsito, não
podemos permitir que haja um retrocesso no transporte escolar, onde as coisas
estão bem. Por isso mantenho a minha posição pela aceitação do Veto. Muito
obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia
1º de setembro de 1956, este Vereador era estudante de engenharia e era
convidado a ser Diretor de Planejamento e Fiscalização, da Secretaria Municipal
de Transportes. E eu dizia ao Secretário que de transportes eu só sabia que era
extremamente difícil tomar o bonde ao meio-dia, na Independência com Conceição,
porque estava sempre lotado. Mas aceitando, eu tinha que estudar o problema de
transporte coletivo desta Cidade, e passei a fazer com muito entusiasmo, e me
apaixonei até pela questão.
Então,
durante 5 anos, eu não ouvi nenhuma vez falar em vida útil de veículos. E andei
pelo Brasil afora, a cada lugar que ia, eu procurava-me informar o que havia
sobre transporte coletivo, mas era muito pequeno o círculo de pessoas que
gostavam disso e as informações eram quase nulas. Em 1961, nós tínhamos uma
frota, que tinha ônibus internacionais, todos importados GMC, Ford, etc, e a
reposição de peças era extremamente difícil. Havia necessidade de retirar de
tráfego alguns deles, porque as peças eram importadas. Mas cada vez que a
Secretaria determinava que um ônibus fosse retirado de tráfego, vários
Vereadores, deputados, aparecia padrinho de tudo que era jeito para que o
ônibus não fosse retirado de tráfego. E todas as vezes, o Ver. João Dib, que
era o assistente técnico da Secretaria de Transportes, tinha o problema de
explicar e, às vezes, tinha que voltar atrás, porque as pressões eram
violentíssimas. Então, eu acertei com o Secretário da época Sr. Prates Leal,
que se fizesse uma Resolução estabelecendo que os ônibus com 15 anos de idade,
no dia 31 de novembro, não importando o estado que tivesse, seriam desativados,
e com isso nós estaríamos retirando da frota todos os ônibus estrangeiros,
porque aí nós já tínhamos a indústria nacional fabricando Ford, Chevrolet e
Mercedes Benz. Então, se estabeleceu, pelo que sei, até então eu nunca tinha
ouvido falar em vida útil, 15 anos. Depois veio o Secretário que disse: bom, se
o Dib fez 15 anos, eu também vou fazer. Fez 10 anos, mas ele não sabe explicar
por quê. Hoje, na realidade, não tem por que preocupar o estado em que está o
veículo, porque nós fabricamos todas as peças do veículo, aqui, no Brasil. Nós
podemos trocar todas as peças do veículo, não há mais a necessidade e a
preocupação da vida útil, se, hoje, a preocupação, de tanta gente, é a segurança.
Segurança se faz pela manutenção. Nós tivemos, aqui, durante todo este tempo,
frotas que foram muito bem cuidadas e outras que não. Ônibus, às vezes, com
quatro ou cinco anos, já não serviam para mais nada. E depois, o veículo
trabalhando no atendimento de transporte escolar, ele não faz o mesmo que o
ônibus que, a cada 200 metros, pára e arranca. O ônibus tem um desgaste
violento, uma manutenção muito mais cara. O transporte escolar tem muito mais
tempo para os cuidados necessários, independente de que seja o próprio dono que
leve e traga as crianças. Na década de 1950, nós tivemos, em Porto Alegre, na
Administração Ildo Meneghetti, uma das melhores frotas que aqui chegou, 120
ônibus Renault, mas não existiam as peças e, em pouco tempo, os 120 ônibus
Renault desapareceram. Em 1956, na Administração Leonel Brizola, foi comprada,
sem dúvida nenhuma, a melhor frota de ônibus que circulou nesta Cidade, e,
hoje, não têm melhor do que aqueles, ainda. Uma frota. Uma frota de 60 ônibus,
que era uma composição de carroceria de um, chassis de outro, motor Cummings,
diferencial Tinken, fizeram um supra-sumo de um ônibus. Em 1960, nós não
tínhamos mais ônibus, porque não havia reposição de peças. Mas, mesmo estes
ônibus, para os quais não havia reposição de peças, na Secretaria Municipal de
Transportes, nós transformamos alguns deles em caminhões e, por mais 10 anos,
estes caminhões, que não paravam e não arrancavam a cada 200 metros, puderam
servir à Cidade, tranqüilamente. Mas isto vale lembrar que o Município administra
muito mal o transporte coletivo; então, não deve fazer encampação, intervenção,
sim, mas encampação, não. E quanto à segurança, em 1961 ou 1962, vi um ônibus
Mercedez-Benz, com menos de mil quilômetros, quebrando o eixo dianteiro. Falha
de fábrica pode acontecer. Eu viajei em um ônibus, nos Estados Unidos, durante
um dia inteiro e fiquei impressionado com a beleza do ônibus, e pensei que
estava viajando em um ônibus novo, era do ano de 1972, e nós estávamos em 1981,
tinha, portanto, 9 anos, nos Estados Unidos, onde o descartável deve ter
aparecido por lá, e não por aqui. Então, estamos encaminhando, com a maior
tranqüilidade, a votação pela rejeição de Veto. Este foi o meu parecer e, como
disse o nobre Vereador Leão de Medeiros, democraticamente, a Bancada se
posiciona, não há problemas, mas eu faço um apelo a todos os Vereadores para
que rejeitem o Veto, porque temos a certeza de que a manutenção, o cuidado com
o transporte de escolares, faz com que tenhamos a tranqüilidade de que
continuarão atendendo bem e, realmente, se torna difícil alguém comprar um
veículo novo e substituir o antigo. Então, até que a situação melhore, podemos,
com toda a tranqüilidade, sem nenhum medo, com o excelente sistema de vistoria
que tem a SMT, com a preocupação que tem cada um que está dirigindo o veículo e
está colocando a sua vida em risco, porque ele não vai querer dirigir um carro
que não tenha as mínimas condições, podemos rejeitar o Veto sem nenhum peso na
consciência. Então, encaminho pela rejeição do Veto, e espero que ela seja
unânime. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, caros e
ilustres colegas, ex-colegas do transporte escolar, aos quais não consegui-me
dirigir na vez anterior, devida à própria dinâmica do trabalho dos colegas, que
tiveram que se retirar, quando fiz o discurso em favor da aprovação da lei que
ora estamos apreciando, cujo Veto agora estamos apreciando e naquela
oportunidade havia dois ou três colegas presentes apenas. Mas, como
ex-transportador, aqui já citado pelo nobre Ver. Clóvis Brum, conheço muito bem
este tipo de trabalho, a mecânica deste trabalho de transporte escolar que
pratiquei durante sete anos. Sinto-me muito à vontade para defender a minha
posição aqui que é pela rejeição do Veto do Sr. Prefeito Municipal. Não
acompanho, nesta caso, a posição da Administração Popular, porque entendo que
não se justificam as razões que são aqui colocadas. Inclusive pela carta que
foi encaminhada pelo ilustre Prefeito Olívio Dutra, alegando razões de ordem
técnica, razões de segurança, como as já reafirmadas pelo Vereador que há pouco
esteve na tribuna, Leão de Medeiros, porque entendo que se nós temos critérios
técnicos que se aplicam ao transporte de táxi, ao transporte coletivo de
passageiros, no caso, aos ônibus, eu não vejo uma razão sequer para que haja
outros critérios de ordem técnica para efeito do transporte escolar. Aliás,
pelo contrário, eu diria que há mais razões de ordem técnica que justificam o
prolongamento da vida útil para o transporte escolar do que para os táxis e os
ônibus do transporte coletivo. O desgaste desses veículos, naquelas condições
específicas de rodagem em que é feito o transporte coletivo de passageiros, os
ônibus e os táxis que chegam a rodar 500 km por dia na Cidade, 24 horas por
dia, é muito grande, enquanto o transporte escolar roda, quando muito, 100, 150
km nos três turnos que atende. E ainda pára nos fins de semana. Agrega-se aí o
fato de que o transporte escolar é conduzido pelos seus proprietários, como já
foi citado aqui, 97% desse transporte é efetuado pelo proprietário. Sendo
proprietário, ele está cuidando do seu patrimônio, impedindo o desgaste, o que
não acontece com os táxis e com os ônibus desta Cidade. Eu acho que há outro
elemento, que aqui ainda não foi citado, que se agrega a essa reivindicação dos
transportadores de estender a vida útil dos veículos, que é o fator econômico.
Ora, caros colegas Vereadores, imaginem se os senhores, que têm eventualmente
um veículo de 5 anos de idade compararem o preço de mercado deste veículo de 5
anos de idade com um veículo zero quilômetro, ele custa, em tese menos do que
um quarto do valor do que um veículo zero quilômetro. É completamente
proibitiva a aquisição de veículos novos por parte desses transportadores, por
uma razão muito simples: porque eles não auferem a quantidade de lucro
suficiente para conseguir acumular, durante um período de trabalho, o
suficiente para trocar de veículo. Aliás, esse é um problema sério, e que vai,
cada vez mais, na medida em que a crise econômica vai aumentando, vai-se dar no
sentido de se conseguir renovar a frota dos transportadores. Não é por outra
razão que os taxistas ganharam a isenção do ICM e do IPI. Para se adquirir um
carro novo de táxi paga-se a metade do preço de tabela de um carro zero
quilômetro. No caso dos transportadores escolares, isso é uma velha
reivindicação: conseguir a isenção desses impostos na aquisição de novos
veículos. E nós sabemos que no caso dos microônibus essa isenção é mínima.
Portanto, deveríamos nos preocupar também com essa questão que diz respeito à
condição de renovação da frota dos veículos de transporte escolar, porque, com
o tempo, essa frota, inevitavelmente, vai-se sucateando, o que de fato não
corresponde ao termo no caso do transporte escolar, porque não existe sucata
nenhuma andando no transporte escolar em Porto Alegre. Se existe sucata, é
entre os táxis, entre os táxis-lotação, entre os ônibus mas, entre o transporte
escolar, V. Exas podem observar se conseguem achar uma kombi, um
microônibus ou um ônibus mal cuidado, caindo aos pedaços, corroído, podre. E é
por essa razão o índice zero de acidentes com transporte escolar no ano de
1988; é devido ao fato de que são os próprios transportadores escolares os
condutores e ao fato de eles fazerem uma exemplar manutenção mecânica nos seus
veículos, inclusive sendo submetidos a vistorias rigorosas da SMT. Agrega-se ao
fato também desse problema econômico da impossibilidade de reposição de frota
que na planilha do cálculo da tarifa do transporte escolar praticamente não
existe um quesito, uma cláusula que se refira à lucratividade desse trabalho.
Essa lucratividade está embutida no pró-labore que, para efeito do transporte
escolar - vejam só o absurdo disso - é calculado o salário do transportador à
base de seis salários mínimos de referência, o que totaliza, aos valores de
hoje, NCz$ 280,80, portanto, quase a metade do que ganhou a categoria dos
motoristas de ônibus nesta Cidade, que é de 450 cruzados. Vejam o absurdo
disso! Um proprietário de uma kombi, ou de um microônibus que, para efeito de
cálculo para remunerar o seu trabalho durante um mês, ganha o equivalente a
NCz$ 280,80! Isso é um verdadeiro absurdo e terá que ser mudado! Estou
perfeitamente de acordo com a categoria nessa reivindicação.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu gostaria de dizer que embora entenda
perfeitamente as razões que levaram o Executivo a vetar o Projeto parcialmente,
concordo inteiramente com os argumentos de V. Exª e o acompanho no voto
contrário ao Veto. Muito obrigado.
O SR. GERT SCHINKE: Agradeço a V. Exª e, para concluir,
gostaria de esclarecer que não estou aqui sustentando a posição de Bancada mas,
a minha, juntamente com a de alguns Vereadores que me acompanham. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra, o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, me
parece que está aqui presente uma comissão de proprietários ou de
representantes dessas microempresas ou empresas particulares de transporte
escolar. É assim que se diz, Dib, transporte escolar? O Ver. Dib sabe tudo em
matéria de Prefeitura, por isso que me louvo sempre nas boas informações do
Dib. Estando aqui essa comissão, com todo o respeito, até a elogio para
proclamar que é, possivelmente, em Porto Alegre, o melhor tipo de transporte
coletivo que a Cidade tem. Mas, mesmo que não fosse o melhor, seria o
transporte de maior abrangência em matéria de responsabilidade,
responsabilidade que até o presente momento, sequer, merece ou sofreu algum
reparo de qualquer um dos Senhores Vereadores. Por isso que eu acompanhei com
atenção todos os pronunciamentos veiculados através deste microfone amigo, para
dizer que nenhum dele me convenceu, com exceção, evidentemente, do meu
arquiinimigo do PDS, Ver. Leão de Medeiros. Esse me convenceu. Eu estive lendo
com muita atenção o Veto do Sr. Prefeito. Não posso compreender a atitude do PT,
acho que ela está meio desordenada e o Vereador do PT que aqui se manifestou
está pessoalmente comprometido porque é amigo dos homens e era um dos que fazia
desse transporte uma atividade profissional. Ele merece o meu elogio também,
sem dúvida nenhuma. Mas acho que o Vereador não leu o ofício do seu próprio
Prefeito. Esta Lei é novíssima, do ano passado, de 1988, e o ofício que traduz
o Veto diz que a segurança é primordial e deve ser respeitada, pois a vida
humana é o dom mais precioso da natureza, razão por que eu pessoalmente, me
sinto comprometido. Não conheço, sequer, a não ser de abanar, o dono da empresa
de ônibus que transporta minha filha para um colégio que se situa em frente ao
Internacional Futebol Clube, chamado Maria Imaculada. Aliás, um excelente
Colégio, e um excelente ônibus. Pois, eu acho que a minha filha e o interesse
público estão acima dessas alterações.
Vejam
o que o ofício do Sr. Prefeito diz: em 1981 não foi introduzida nenhuma melhora
tecnológica que aumentasse a qualidade dos produtos que saíram das linhas de
montagem das fábricas de veículos automotores.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Omar Ferri, em primeiro lugar eu queria esclarecer, não só ao
ilustre Companheiro, que eu há vários anos não exerço a profissão de transporte
escolar, quando fui eleito não exercia mais há vários anos esta profissão.
Então, jamais alguém pode me acusar de estar legislando em causa própria, de
estar defendendo uma categoria. Eu não só sou amigo, como exerci esta profissão
em anos anteriores. Então, eu conheço de letra esta história de transporte
escolar.
Em
segundo lugar, eu queria apenas retificar o seu pronunciamento quando disse que
eu havia me pronunciado pela Bancada do PT. Isto não corresponde porque no meu
discurso eu não intervi em nome da Bancada do PT, mas sim, era acompanhado em
alguns votos integrantes da minha Bancada.
O SR. OMAR FERRI: Eu peço desculpas por esta impropriedade
técnica do meu discurso.
O Sr. Gert Schinke: Há tempo atrás, inclusive, na imprensa
foi veiculado que eu estava tentando, em ajudando os transportadores, legislar
em causa próprio. Isto é uma infâmia, uma calúnia.
O SR. OMAR FERRI: A imprensa, evidentemente, praticou uma
injustiça contra V. Exª.
O Sr. Gert Schinke: Uma injustiça como tem praticado muitas
vezes contra alguns Vereadores.
O SR. OMAR FERRI: Na minha Bancada a questão é fechada. Ela
me acompanha monoliticamente. Mas, continuo, este Projeto de Lei aumenta a vida
útil dos ônibus que é de 10 anos para mais 3 anos. E lá adiante, diz o Ofício
do Sr. Prefeito: “As vistorias mensais obrigatórias - vejam bem como é
importante isto - praticamente reconhecem a inconfiabilidade dos veículos desta
faixa de idade.” Pois se até o Ver. Dib diz que um ônibus novo de repente sofre
acidente por causa do eixo que se rompe... Portanto, se a inconfiabilidade é a
nossa indústria, que não se compara com a indústria dos Estados Unidos e dos
países europeus - porque lá tem responsabilidade, Vereador. Empresário que não
cumpre com suas obrigações vai para a cadeia. E ai do ônibus da frota de
veículos que sai com um parafuso frouxo, volta para a fábrica, a
responsabilidade existe lá. Por isso que continuo dizendo que essa faixa de
idade, caracteriza a inconfiabilidade dos veículos, nada contra os
representantes aqui presentes, que são confiáveis.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, quero dizer que aqui há confiabilidade, também, a partir
da Secretaria Municipal dos Transportes onde até ajudei a implantar o serviço
de vistoria que é muito bem feito e que os ônibus do transporte coletivo que
trafegam 64 a 70 mil km por ano tem vida útil de 13 anos, não tem porque um
ônibus escolar ter só 10.
O SR. OMAR FERRI: Mas não falei da inconfiabilidade das vistorias
da Secretaria Municipal dos Transportes da Prefeitura de Porto Alegre,
mencionei a inconfiabilidade da indústria brasileira que realmente não é
confiável.
O Sr. João Dib: Mas, no incidente que falei, nobre
vereador, foi reposto tudo e se houvesse algum prejuízo mais sério
evidentemente a Mercedes Benz do Brasil teria pago tudo. Foi sorte, apenas
rompeu o eixo dianteiro sem maiores problemas.
O SR. OMAR FERRI: Foi sorte, já imaginou um ônibus novo
romper o eixo com 50, 60 criancinhas dentro?
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Entendo a sua preocupação tão grande em reação à questão mecânica,
à questão técnica que V. Exª alega, desse ponto de vista não se poderia comprar
um carro sequer no Brasil porque é inconfiável, não se poderia andar com um
carro por mais de 10 anos. Fui claro no meu pronunciamento pois não aceito as
razões pois se baseiam em razões técnicas que são injustificáveis, pois para o
táxi é permitido rodar 10 anos, para o ônibus coletivo como aqui repete o Ver.
Dib, porque razão não se pode, então?
O SR. OMAR FERRI: É o Veto escrito pelo Prefeito de V. Exª
que assinala, não sou eu. Se o erro existe em outro tipo de transporte não
devemos errar aqui, e se até tem 12 anos para táxi, pois então que se reduza
para 10 anos os veículos de transporte escolar. Parece que esgotou o meu tempo,
Sr. Presidente, mas a minha paciência não, estou tranqüilo com os meus colegas
e amigos, por isso vou terminar dizendo, e invocando a parte final do veto do
Sr. Prefeito, quando assinalou que o projeto de lei é contrário ao interesse
público.
Vou
votar pela manutenção do Veto. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro Martini, por
dez minutos.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
inicialmente...
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas para corrigir uma afirmação de que os ônibus tem 13 anos de
vida útil, os coletivos, os ônibus de fato, tem 13 anos de vida útil, se aos
dez anos passarem pelo exame da CIENTEC e lá for comprovado que o chassis tem
condições de durar mais três anos. Mas, este exame da CIENTEC eu contesto,
porque vi, é um exame apenas visual, mal feito, que não dá nenhuma segurança
para que este chassis de dez anos possa rodar mais três anos, exame muito mal
feito. Não são treze anos direto que o ônibus tem. E quem está falando vai
votar pela derrubada do veto. Só que esta comparação que está sendo feita entre
o transporte coletivo e o transporte escolar, ela deve ser analisada, também,
sob este ponto de vista: dez anos já não existe confiabilidade, também, no
ônibus que serve a Cidade, tanto é que tem que passar no teste da CIENTEC.
O SR. CYRO MARTINI: Quero, inicialmente, na minha
participação destacar que o fato de nós, que costumamos percorrer aquelas
camadas mais humildes, mais modestas da nossa população às quais nós
pertencemos, evidentemente que temos a oportunidade de entrar em contato com
inúmeros proprietários ligados ao transporte coletivo. E a partir daí temos a
oportunidade de verificar o quanto eles cuidam, eles zelam pela camionete kombi
ou pelo ônibus que eles empregam no transporte escolar. Mas, gostaria de
colocar uma questão que me parece mais abrangente, que me parece mais profunda.
Não vejo razão para nós todos estarmos extremamente preocupados com a qualidade
do veículo automotor aplicado no transporte coletivo, ou na qualidade de
transporte de aluguel: o táxi, táxi-lotação, o ônibus. Essa preocupação me
parece excessiva com relação ao tempo de vida útil desses carros, por vários
razões: eu citaria o Madeplano. Se nós formos colocar como critério absoluto,
que o tempo de vida útil dos veículos automotores, deve ser absolutamente
considerado para ele circular pelas vias públicas, nós evidentemente vamos ter
que retirar, sem entrar muito no mérito, sem examinar muito atentamente, mais
de 50% dos veículos que transitam em Porto Alegre, ou em qualquer parte das
nossos cidades brasileiras.
Não
é absolutamente prioritário, que o chamado acidente, ou ocorrência negativa de
trânsito deva ser praticada, através de colisão ou de um outro impacto de
qualquer outra natureza, pelo veículo de transporte coletivo. Ele pode ser
provocado por qualquer um dos veículos que estejam rodando pelas nossas vias
urbanas. Então me parece, de cara, que essa é uma preocupação excessiva, não só
com os transportes escolares, como qualquer outro tipo de transporte.
Nós
conversávamos a pouco com o segurança Gabriel e justamente comentávamos, que
nós vivemos em um País, cujas condições econômicas deixam muito a desejar, e
estamos aqui exigindo condições de País desenvolvido para o nosso transporte de
modo geral. Quando nós devemos nos preocupar com estas condições palpérrimas
sobre as quais todos nós vivemos especialmente a maior parte do povo periférico
das grandes cidades. Todo este zelo, este cuidado me parece até despropositado,
me parece sem cabimento, parece que de repente ao cabo de 10, 15 anos o veículo
se evapora, parece que o proprietário, seja do transporte escolar, seja até do
carro de passeio, adquire lá na revendedora o automóvel ou então adquire o
cavalo para depois coloca-lo na carroça e a partir daí ele não faz mais nada,
não mantém o carro, a manutenção, os pneus vão rodar por 15 anos, o motor ou
qualquer peça do veículo vai ficar permanentemente no veículo, não vão mudar o
motor se houver qualquer problema, não tem cabimento. Agora o cuidado com
relação a vistoria eu acho perfeito, acho até um pouco excessiva a vistoria
muito limitada no tempo, mas aí sim se coloca que nós poderíamos ter problemas
com relação a várias colocações relativamente ao transporte escolar como
qualquer outro tipo de transporte, mas não é o caso do transporte escolar onde
nós percorremos a Cidade especialmente as camadas humildes, que pertencemos a
classe média, que é aquela atendida em 90% por parte dos transportadores, temos
a oportunidade de verificar o cuidado permanente que eles tem de manter o
carro, seja no Partenon onde eu moro, ou seja em qualquer outra parte de Porto
Alegre. Muito obrigado pela atenção.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Encerrada a discussão. Em votação.
Com
a palavra, o Ver. Luiz Braz para encaminhar.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
Bancada do PTB encaminha favoravelmente ao Projeto e contrária ao Veto, não
pelas razões colocadas, aqui, nesta tribuna, pelo Ver. Cyro Martini. O vereador
coloca que é excesso de zelo se tratar deste assunto. Eu acho que quando nós
estamos tratando de segurança, segurança de veículos, segurança de crianças,
segurança de pessoas, não é excesso de zelo. Até o Sr. Prefeito Municipal,
quando vetou, ele vetou na melhor das intenções. Por que ele vetou? Exatamente
pelas razões que o Relator da matéria, Ver. Leão de Medeiros, colocou, ele não
conhece muito a respeito do veículo em si, mas ele tem a preocupação muito
grande com a segurança das crianças. E esta foi uma preocupação, também, de
início, Vereador, que me envolveu. Mas aquele cuidado que foi tomado, quando da
votação do Projeto pelo Ver. Vieira da Cunha, e que foi um cuidado, também, que
Vereadores de Legislaturas passadas tomaram quando se tratava da vida útil dos
táxis, dos ônibus e dos táxis lotação, aqui nesta casa, que foi o de deixar
intervalos curtos para vistoria, isto, realmente, alivia o voto que nós vamos
dar contrário ao Veto. Mas eu devo dizer que estes 13 anos de vida útil que
estão sendo entregues para o transporte escolar, devem ser acatados, devem ser
aceitos como um prêmio para aquele que sabe conservar o seu veículo, como um
prêmio para o bom profissional. É por isso que somos favoráveis a que a
vistoria da SMT, de 30 em 30 dias, seja uma vistoria bem rigorosa, porque não é
aceitável que um veículo que não esteja em perfeitas condições, que não esteja
com toda a segurança necessária, possa transportar crianças e colocar suas
vidas em perigo. Mas é perfeitamente aceitável que pessoas que cuidam aquilo
que têm, que bons profissionais possam ter, como prêmio, três anos a mais na
vida de seu veículo, e com isso, auferir um lucro a mais. Acho isso
perfeitamente aceitável. Então, somos favoráveis, só que não trato essa matéria
da forma como foi tratada pelo Ver. Cyro, com excesso de zelo. Acho que não,
acho que as discussões aqui, que as preocupações colocadas pelo relator da matéria,
Ver. Leão de Medeiros, são perfeitamente cabíveis, porque não vamos esperar que
aconteçam acidentes, que aconteçam lesões, para que depois choremos o leite
derramado. Vamos votar favoravelmente ao Projeto, e contrários ao Veto, mas
aceitando como um prêmio aos bons profissionais, e solicitando que a vistoria
da SMT seja a mais rigorosa possível, a fim de que os maus profissionais, os
que não cuidam de seus veículos, sejam retirados do serviço aos 10 anos, ou até
antes, como manda a lei. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais inscritos para encaminhar.
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores
para a votação e convido os Vereadores Clóvis Brum e Ervino Besson para
escrutinadores, já que a mesma é secreta.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 29
Srs. Vereadores.
(É procedido o escrutínio.)
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 019/89 e rejeitado o Veto
Parcial a ele aposto por 22 votos SIM contra 07 votos NÃO.
PROC.
Nº 1595/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/89, que autoriza o Executivo Municipal a
abrir créditos especiais no valor de NCz$ 37.220,00 e dá outras providências.
Parecer
Conjunto:
- da CJR, CFO, CUTHAB e COSMAM. Relator Geral Ver. João Dib: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 020/89 permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando seja o PLE nº 020/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Observação:
- o texto da Redação Final ora aprovada é
o mesmo do PLE nº 020/89, já publicada nesta Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. A palavra com o Ver.
Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
queria falar sobre uma reportagem que saiu na “Zero Hora” no dia de hoje, que
fala sobre a pavimentação das ruas de Porto Alegre. É uma matéria assinada por
um jornalista chamado Marcelo Rech e que retrata o que está acontecendo nas
ruas da Cidade. Muito pior do que o tempo maior ou menor de condições de
utilização do transporte escolar é a situação caótica que existe em Porto
Alegre em relação as suas ruas. O Sr. Prefeito Municipal, como sempre, alega
que não tem recursos, como sempre se diz que as usinas de asfalto não
funcionam, não produzem, mas o principal problema, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é o convênio existente entre o DMAE e a SMOV, este é o problema
principal das ruas de Porto Alegre. Tenho um Projeto de Lei desde 1985, que
todos os anos peço para desarquivar, já pedi há dois ou três meses atrás, já
está na auditoria nesse momento, que acaba com esse convênio, porque o quê
ocorre é que o DMAE abre o leito da rua, faz o buraco e depois comunica à SMOV
e aqui está um ex-Secretário da SMOV, Ver. Wilton de Araújo, que às vezes tem
outras prioridades, outras obras para serem feitas e que por isso espera, quem
sabe, que aquela zona tenha mais trabalho, maior ou menor demanda, sendo que
nesse caso a responsabilidade da Prefeitura é mais flagrante porque quem abriu
o buraco foi a Prefeitura. Esse meu Projeto faz com que o DMAE repavimente as
vias sob a supervisão, sob a fiscalização da SMOV, e que num prazo de 48 horas
esse trabalho tenha que ser feito sob pena de responsabilização, inclusive,
criminal do diretor do DMAE em caso de não conserto das vias. Espero que este
Projeto seja discutido, alterado, até já tem um substitutivo inclusive, do Ver.
Mendes Ribeiro, imagina, hoje Deputado, que fez um substitutivo a esse Projeto,
mas o que não pode acontecer mais é o DMAE repassar recursos para a SMOV e não
ter controle nenhum sob as suas obras e isto é uma irresponsabilidade. Hoje, já
li que uma pessoa entrou na Justiça contra o Município tendo em vista que o seu
carro foi demolido em função de um buraco na rua. Tenho passado por ruas, a
Pedro Ivo é uma, que mais uns dias, simplesmente na rua não passa mais ninguém
e é uma rua lá no Moinhos de Vento, perto da Igreja São Manoel e simplesmente
as fugas d’água do DMAE liquidaram com a rua.
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dando apoio a esta matéria que hoje sai nos
jornais, queria pedir aos Srs. Vereadores, que com substitutivos, com emendas,
seja como for, regulamentem esta questão. Eu li que o Sr. Secretário da SMOV
dizia que o único órgão com capacidade de fazer esta obra era a SMOV, o que é
um absurdo total, qualquer empreiteira faz. O que ele queria dizer,
provavelmente, é que o órgão encarregado da fiscalização das pavimentações é a
SMOV, o que eu concordo, evidentemente, com ele.
Era
isto, Sr. Presidente, dando o apoio e lamentando o estado que chegaram as ruas
da Cidade. É absolutamente impossível em determinados locais o trânsito de
qualquer carro, em qualquer via.
E finalmente, aproveitando o tempo que me resta, quero também colocar o meu repúdio político e técnico contra as medidas anunciadas pela SMT, que quer fechar as Av. Farrapos e Av. Assis Brasil só para os ônibus, enquanto existem táxis e táxi-lotação que passam naquelas avenidas. E a SMT vai trazer novamente o caos à Cidade, por uma medida tomada sem um estudo mais profundo. Felizmente, vejo que a METROPLAN está estudando o assunto, porque não é possível que se fechem aquelas duas avenidas, nem que seja na hora do pico, para os carros particulares e para os táxis, que pagam seus impostos, tanto quanto aquelas que andam de ônibus. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz, em tempo
de Liderança.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
assunto hoje vai ser Juliano Moreira, mas antes de entrar na discussão desse
assunto nós vamos transmitir, que o Ver. Morelli fez sugestões junto a Ceasa,
para conseguir alimentos para os animais do Minizoo, e o Ver. Caio Lustosa,
Secretário da SMAM, se recusa a aceitar esses alimentos da Ceasa, dizendo que
já tem um convênio em andamento com a Companhia Dosul de Supermercados.
Mas, infelizmente, para tentar justificar a sua ação de despejar aquelas famílias que estão na Vila Juliano Moreira, área do jardim Botânico, o Presidente e alguns representantes da Fundação Zoobotânica, estão falando algumas mentiras que não ficam bem para aquelas pessoas da estirpe daquelas que atualmente dirigem a Fundação. E, eu digo isso por quê? No programa do meu amigo Flávio Alcaraz Gomes, foi dito pela procuradora Eliane Dal Mese que as pessoas, na Vila Juliano Moreira, recebem água de graça. E é mentira. A água que aquelas famílias recebem é água que elas mesmas pagam, foram ligações feitas em outras administrações, e elas pagam a água que consomem. O que aquelas famílias recebem, atualmente, de graça, não por vontade delas, mas por imposição do Estado? A energia elétrica. Noventa e seis famílias recebem energia elétrica de graça. E eu dizia para a Procuradora Eliane, no programa do Flávio Alcaraz Gomes, que aquelas pessoas queriam colocar os seus próprios medidores, mas eram impedidas pelo Estado, e ela dizia que isso não era verdade. Mas no Jornal Zero Hora de ontem, lá está uma ação movida pelo Estado contra o Município, para impedir que coloque, naquela zona, qualquer tipo de benefício, e ali está citado, inclusive, para que o Município não coloque naquela região: energia elétrica, calçamento, esgoto, saneamento e outras benfeitorias para aquelas famílias.
Então,
que fique bem claro, quem impede que aquelas famílias paguem a sua energia
elétrica é o Estado que impede que o Município possa urbanizar aquela região,
de acordo com o que foi determinado por esta Câmara Municipal. E digo para os
Senhores, como disse para o Presidente da Fundação Zoobotânica, o Dr.
Vilibaldo, que em 20 anos, praticamente de posse, - não de propriedade -
daquela área, porque a posse é daquelas pessoas que ali estão, em 20 anos de
propriedade daquela área, nenhuma árvore foi plantada, nenhum projeto foi
executado, não tem nenhum projeto para aquela área de 43 ha, as árvores que
foram plantadas recentemente naquela região, foram plantadas pelos moradores da
Vila Juliano Moreira, então é mentira deslavada que aqueles moradores que lá
estão, aquelas 96 famílias estão é depredando o meio ambiente, não estão coisa
nenhuma, eles estão é ajudando a conservar a área e muito mais do que isto,
além de conservar a área eles melhoram as condições da área. Além de impedirem
que haja invasões, porque se não fosse aquelas 96 famílias, nós já teríamos
aquela área invadida por quatrocentas ou mais famílias, porque são quatro ha
perfeitamente habitáveis, além disso elas melhoram as condições de qualidade
daquela área. Então o que a Câmara fez não foi entregar a propriedade da área
para as famílias, porque a Câmara não poderia fazer isto, o que a Câmara fez
foi mudar o regime urbanístico daquela área, e como a Constituição atual impede
que haja usucapião em áreas públicas, aquelas famílias também não podem mover
ação de usucapião naquelas terras, o que nós fizemos Ver. Vieira da Cunha e eu
não me envergonho em momento algum, e que eu acho que esta Câmara não deve
envergonhar-se, é dar condições para que aquelas famílias pudessem negociar com
o Estado, a sua condição de continuar sobrevivendo condignamente, mas se nós
estamos dando condições para que 96 famílias possam negociar a sua
sobrevivência de maneira digna e estamos recebendo ataques neste exato
instante, da imprensa, dizendo que nós estamos favorecendo a possíveis
investimentos imobiliários naquela zona. A imprensa deveria pegar o Plano Diretor
do Município que já fala isso. Então, eu peço, desta tribuna, neste templo de
Liderança, que a Fundação Zoobotânica continue defendendo os seus direitos, mas
que, por favor, parem de mentir, porque fica muito mal para as pessoas, da
estirpe daquelas que estão dirigindo uma entidade tão importante do nosso
Estado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, em
tempo de Liderança.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia 9
de junho passado, acompanhado pelos Vereadores João Motta e Décio Schauren,
compareceu à Presidência da Comissão de Justiça e Redação um ex-empregado das
Indústrias Zivi- Hércules, chamado Alamir Rodrigues dos Santos.
Este
cidadão, na presença do Presidente da Comissão, Ver. Elói Guimarães, e dos
demais componentes desta Comissão, fez incríveis denúncias contra uma empresa,
conhecida no País e no exterior, pertencente ao grupo Zivi-Hércules. Pelo
relato deste funcionário, que é um relato muito escabroso, a Comissão tomou
conhecimento de que, no dia 1º do corrente mês, após ter batido o ponto, quando
o empregado se dirigia para a porta de saída da fábrica foi interceptado pelo
chefe de segurança da Indústria que lhe solicitou que o acompanhasse até a sala
de segurança. E, lá, foi trancafiado da mesma forma como a polícia joga alguém
no xilindró. E, começaram, aí, coações de toda espécie com o objetivo de
conseguir do empregado a assinatura de um documento no qual ele próprio
confessava que estava furtando objetos, tesouras, roupas, flanelas e outros
materiais lá fabricados. Ele foi detido ilegal e irregularmente às 11 horas da
manhã, e foi mantido preso até às 16 horas, só sendo libertado porque assinou
um documento, onde confessava estar envolvido nos furtos referidos. E o pior de
tudo é que neste documento, assinado “de livre e espontânea vontade”, ele
também desistia da estabilidade, direito que ele possuía por fazer parte da
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. É evidente, Sr. Presidente e
Srs. Colegas, que, documento tão importante, que é o de abrir mão da
estabilidade, só foi conseguido através do descontrole emocional decorrente de
ameaças e de pressões que fazia o agente de segurança, o truculento agente de
segurança, que lhe dizia: “escolhe, tu quer ir preso para a 9ª Delegacia, levar
pau, ir direto para o presídio ou assinar este documento e ir para casa sem
problemas com a polícia?” Num estudo preliminar, esta empresa, através desse
agente, praticou os crimes de seqüestro e cárcere privado, coação ilegal,
falsidade documental e o crime de ameaça. A comissão tomou o depoimento do
operário no dia 9, e no dia 13 de junho, ontem, mais três empregados da
companhia Zivi-Hércules estiveram presentes perante a Comissão e informaram a
repetição por esta empresa destes lamentáveis fatos. A Comissão através de dois
ofícios comunicou ao Sr. Presidente da Casa, para que o Legislativo que
externamente representa os Vereadores formule representação à Coordenadoria das
Promotorias Criminais para que esta requisite à Delegacia daquele distrito
policial, a abertura do competente inquérito para apurar a responsabilidade
desta irresponsável empresa que usa estes métodos medievais para obter
documentos falsos e praticar os crimes de falsidade documental. É caso de
polícia! A impunidade tem que terminar! Por que colarinho branco pode fazer
isto contra indefesos operários? Esta é a razão que nós levantamos a nossa voz
e haveremos, Sr. Presidente, de acompanhar de perto as providências policiais
para que não se pratique a injustiça da impunidade novamente, a impunidade que
só beneficia colarinho branco neste País. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Motta em tempo
de Liderança do PT.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
cotidiano que compõe esta Cidade, espero que comece a se investigar de um forma
digna, inclusive, pela Câmara Municipal, esta instituição democrática que deve
estar comprometida com a defesa dos interesses e dos direitos da população de
Porto Alegre. E se nós já tínhamos conhecimento e temos conhecimento, muitas
vezes, de fatos que atentam contra a dignidade do ser humano e que atentam
contra os direitos mais elementares de qualquer cidadão mesmo que a gente não
considere que estejamos entrando no ano 2000 é de fato sempre surpreendente,
quando se rompe com essa aparência, com essa ficção com que, muitas vezes, as
relações do trabalho são de fato praticadas aqui dentro do Município de Porto
Alegre. Hoje, por exemplo, tive, razão pela qual cheguei 10 minutos atrasado na
Sessão, tive constatando e farei essa denúncia também, se não essa semana, na
semana que vem, estive constatando que uma grande empresa que tem também um
belo colorido constituído pelas imagens da propaganda através da sofisticada e
da complexa utilização da tecnologia através dos veículos de comunicação tem um
belo colorido, externo, uma bela fachada, mas infelizmente de ontem para hoje
foi capaz de impor aos seus três mil funcionários que se alimentassem com uma
comida, com uma alimentação, com um almoço requentado de ontem para hoje. Os
trabalhadores dessa grande empresa estavam hoje fazendo um protesto das 11:30
às 13:30 da tarde e boicotando a alimentação requentada. Então vejam, Senhores
Vereadores que de fato não é só na questão da Amazônia, que nós verificamos
esse modo truculento, selvagem e de rapinagem muitas vezes com que se
estabelece de fato a relação do trabalho, mas é também muitas vezes, em
empresas, em locais de trabalhos concretamente, especificamente. Mas me parece,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que neste caso aqui colocado, registrado pelo
Ver. Omar Ferri, se localiza exatamente isto, ou seja, o modo, uma concepção de
se estabelecer as relações de trabalho em que é visível ou então que me
adjetivem e que me dêem o nome para isso. Como se admitir, impor esse tipo de
tratamento a um ser humano durante esse tempo das 11 às 16 horas, sem ter
direito nem à alimentação nem à satisfação de suas necessidade fisiológicas.
Ficou 5 horas em cárcere privado. O que manifesta isso senão esse modo de
conceber as relações de trabalho de uma forma desumana? Então, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, se isso não é grave, que se crie um adjetivo para encobrir
essa aparente realidade de tranqüilidade e de normalidade nas relações, que
deve ser desnudada por todos nós. Gostaria também de colocar que eu espero que
a Comissão Externa, que está sendo constituída esta semana, tenha a preocupação
de tomar conhecimento formalmente desses fatos que não são dignos de pessoas
que devam ter um mínimo de sensibilidade para tratar o seu igual como um ser
humano. Então, me parece que é urgente que a Comissão Externa tome conhecimento
desses fatos que, segundo esses três funcionários que ouvimos na Comissão de
Justiça, estimam haver aproximadamente 50 funcionários na Zivi-Hércules já
sofrendo esse tipo de processo, ou seja, de ameaça e de constrangimento ilegal.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Requerimento do Ver. João Motta, foi
aprovada, pelo Plenário, a constituição de uma Comissão Externa para tratar de
denúncias sobre o cárcere privado na empresa Zivi-Hércules. A Comissão Externa
está deferida sob o Processo n° 1698, Requerimento nº 127, onde constam os
nomes das Lideranças da Casa, Vereadores Clóvis Brum, Vieira da Cunha, João
Dib, Flávio Koutzii, Luiz Braz, Lauro Hagemann, Artur Zanella, Omar Ferri e
Wilson Santos. As Lideranças que não quiserem participar poderão desistir ou
indicar um substituto.
Passamos
ao
Está
com a palavra o Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver.
Artur Zanella abordou com muita propriedade o problema dos buracos nas vias
públicas e, independentemente, do fato com o jornalista e funcionário da CEEE,
Ivo Corrêa, me sinto na obrigação de registrar que em vários pontos da Cidade
os buracos proliferam - continuam sendo abertos e não fechados. Na frente do nº
93 da Rua João Dahme onde conseguimos fechar três buracos com a participação
efetiva e pronta do Ver. Adroaldo Corrêa que levou esta reivindicação ao
Executivo novamente por danos na canalização do DMAE. Isso há mais de 30 dias e
uma criança com uma bicicleta neste buraco. É evidente que eu não sei o nome,
não tenho dados mas, certamente, os pais ou responsáveis vão, quem sabe, também
acionar a Prefeitura porque está ficando insuportável a situação dos buracos
que são abertos e não são fechados. Há uma necessidade urgente que a
Administração da Frente Popular coloque uma maior eficiência neste tipo de
trabalho, uma maior harmonização entre quem abre o buraco e quem tem que
fechar.
O
Ver. Artur Zanella também enfocou rapidamente o assunto que foi veiculado pelo
Jornal Zero, terça-feira, dia 13, na página 39: “Carros sairão da Farrapos e da
Assis Brasil na hora do rush”. Este momento crítico, o momento de maior
movimento preocupa a SMT, só que eu com todo respeito ao Ver. Antonio Hohlfeldt
acho que não passa de mais um devaneio, de mais um afogadilho, de mais uma
pressa, como se deu na intervenção dos transportes coletivos. Eu tenho
condições e convicção de afirmar que se a Administração da Frente Popular
insistir que a solução é esta, ocorrerá o ferimento frontal de um dos direitos
inalienáveis do cidadão, que é o direito de ir e vir. No momento em que se
tomar a decisão de fechar a Assis Brasil e a Farrapos, nesta hora crítica, nós
não estaremos apenas assistindo esta afronta, a esse ferimento frontal ao
direito de ir e vir, mas à implantação de um verdadeiro caos. Além disso, o
ferimento de uma série de outros direitos das pessoas que habitam e que vivem
nesta Cidade. Porque não é só o problema da população transportada pelo sistema
de transporte urbano. Nós temos que ver que a operacionalização da medida é
praticamente inviável, requerendo diariamente um grande efetivo da Brigada
Militar para bloqueio e desvio do tráfego, principalmente nas transversais
dessa Avenida, porque vislumbrar medidas que podem parecer milagrosas é fácil.
Agora, colocação, na prática, é muito difícil. E fazer, imediatamente, uma
manchete de um quarto de página na “Zero Hora” é, no mínimo, acenar com a
necessidade de colocar em prática, até para ser coerente com a manchete, mas
uma penalização muito grande para os habitantes desta Cidade. Além da
necessidade de envolver a Brigada Militar num problema de tráfego, a Brigada está
com uma situação caótica, no que se refere a efetivo. A população clama que a
Brigada esteja guarnecendo a população contra o banditismo que impera e nós
teremos um contingente desviado para fazer este tipo de fechamento da Farrapos
e Assis Brasil. Inexistência de vias alternativas adequada para o desvio do
tráfego. Utilizariam essas avenidas, em especial os veículos particulares -
parece uma redundância - grandes prejuízos aos moradores, às áreas próximas a
essas avenidas que utilizam veículos particulares e que terão suas chegadas e
saídas grandemente dificultadas; grandes prejuízos aos usuários do serviço de
táxi e lotação que terão itinerários desviados e prolongados; grandes prejuízos
ao comércio estabelecido na área, principalmente da Av. Assis Brasil que ficará
sem acesso porque é evidente...
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Agradeço ao nobre Vereador. Queria deixar aqui o meu registro sobre
o belo trabalho que a Brigada Militar está fazendo no centro. Vimos na Praça da
Matriz, na Praça da Alfândega, na Rua da Praia o belíssimo trabalho de
policiamento que a Brigada Militar está fazendo. Fica registrado nesta Casa os
nossos parabéns a Brigada porque lá se viu, estive lá várias vezes verificando
e pelo menos a malandragem, os pivetes e as prostitutas estão levando medo do
trabalho que a Brigada está fazendo. Sou grato.
O SR. WILSON SANTOS: Pois veja que esta força de trabalho que
deve ser dirigida para o maior clamor da sociedade que é protegê-la contra o
banditismo, quer o Ver. Antonio Hohlfeldt, Secretário Municipal dos
Transportes, levar um grande contingente da Brigada Militar para mais uma
aventura que se antevê como uma atitude desastrosa de fechar na hora do rush
a Farrapos e Assis Brasil e estava enumerando o prejuízo para o comércio
estabelecido porque é evidente que o próprio comércio vai sofrer com este
problema pela falta de acesso de outros segmentos da sociedade para lá. Grandes
dificuldades para estabelecimentos tais como hospitais, colégios, faculdades,
supermercados, os estabelecimentos bancários, postos de gasolina situados nesta
área. Além de sabermos que ali, também, pela Farrapos tem um principal acesso
para o aeroporto; enfim, há uma multiplicidade, há um elenco de coisas a serem
consideradas e que apelaria para o bom senso da SMT para que estudasse uma
outra solução para o problema do que esta que a mim, pelo menos, me parece mais
uma aventura e mais uma atitude tomada de afogadilho, que pela matéria que nos
preocupa, que parece que realmente não só se anuncia, mas há uma forte intenção
de levar a cabo, de colocar em prática esta ação. Era isto, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo de Liderança,
pelo PDS, o Ver. Vicente Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nessa
oportunidade falo em nome da Liderança do PDS designado pelo Ver. João Dib.
Faço questão de colocar a posição do partido, referentemente a este caso da
Zivi-Hércules porque este Vereador tem assento na Comissão de Justiça, e fui
signatário na referida comissão do encaminhamento do pedido, ao Presidente da
Casa, para que o assunto fosse submetido a Coordenadoria das Varas Criminais
aqui de Porto Alegre.
Até
aquele momento concordei com a remessa da denúncia trazida à Comissão de
Justiça pelos Vereadores João Motta e Décio Schauren, relatando um episódio
possivelmente ocorrido na empresa Zivi-Hércules. Entendíamos na ocasião e
continuamos entendendo que esta Casa não tem poder judicante, não temos
atribuição de julgar nada, a não ser contas do Prefeito e aquelas atribuições
constantes da Lei Orgânica e na Constituição. Não consta esta atribuição da
Casa para promover um processo e muito menos julgar injustiças que ocorrem fora
do perímetro desta Casa. Entretanto, como é a Comissão de Justiça, e como se
trata de uma denúncia de privação de liberdade, e como liberdade, nós da
Bancada do PDS entendemos que é um bem inalienável, que é um bem fundamental do
homem, maior bem depois da vida, nós temos que ter presente isto, nós então
acolhemos a sugestão e apoiamos o encaminhamento deste assunto para as Varas
Criminais, para que estão através de um processo competente examine-se a fundo
toda esta questão que envolve a denúncia.
Agora
vejam, um pronunciamento do Ver. Omar Ferri e outro do Ver. João Motta, já
avançaram, e muito, naquela decisão da Comissão de Justiça, porque pelo que eu
senti dos pronunciamentos eles já julgaram a Zivi-Hércules e já a condenaram.
Realmente os rapazes eram inocentes, não roubaram absolutamente nada, já têm
elementos para fazer este julgamento, e já estão absolvidos, e a Empresa
condenada. Nada disso foi tratado na Comissão e cito aqui o exemplo do Ver.
Clóvis Brum, que, como eu, não apoiou a idéia do Ver. João Motta de fazer a visita.
Porque não se deveria fazer a visita? Volto à inicial, nós não somos órgão
judicial, nós não temos esta investidura, nós não podemos chegar na Zivi-
Hércules; poderemos ser recebidos ou não, mas se formos recebidos, vamos lá
reclamar de fatos dos quais não temos as informações precisas? Como nós vamos
ter elementos para aferir se aquela tesoura foi furtada por aquele operário ou
não, o que vamos dizer à Empresa se apresentar provas?
Lembro
que injustiças existem muitas por aí, uma grande injustiça que está ocorrendo
nesta Cidade é o que estão fazendo por exemplo com os mendigos, acabaram com a
ronda de recolhimento, que era muito bem-feita pela Prefeitura, e foi, modéstia
a parte, iniciada por mim, na FUNDASUL, no Governo Amaral de Souza, depois não
sei porque razões, contratuais dizem, há mendigos que hoje estão passando frio,
e pelo que sei, óbitos estão ocorrendo durante a madrugada, simplesmente porque
cessou o recolhimento aos albergues como era feito anteriormente no Governo
Amaral de Souza, e continuou no Governo Jair Soares, e posteriormente passou
através de um contrato para o Governo Municipal.
Isto
sim é uma grande injustiça, é de atribuição desta Casa examinar, porque são
porto-alegrenses que estavam se beneficiando de um serviço que a Prefeitura
chamou a si, porque era o Estado que fazia isso, através da FUNDASUL, e que
agora não está sendo mais cumprida, por questões ditas religiosas, por questões
formais e contratuais. Então, se nós formos entrar a fundo nas questões de
injustiças, e de falta de desumanidade que existem nesta Cidade, esta Casa vai
ter que passar o dia todo tratando desse assunto. Agora, evidentemente,
chegando ao nosso conhecimento de que houve a constatação de cárcere privado,
na dúvida nós temos até obrigação de encaminhar esse assunto para a
Procuradoria Criminal, essa sim será competente para instalar o competente
inquérito na polícia. E depois disso, sim, pedir para punições a quem deva ser
punido. Se a Empresa cometeu o ilícito, a Empresa deverá ser punida, se o funcionário,
num gesto de franqueza pegou alguma coisa da Empresa, que o funcionários também
sejam punido. Então é o momento de deixar que isso a Justiça decida, e não os
Vereadores.
Concluso,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa tem atribuições bem específicas,
mas não possui a de instruir e julgar fatos, dito injustos, que nos chegam a
todo o momento. Encaminhar estes fatos à autoridade competente, sim, mas sem
qualquer juízo sobre os mesmos, como foi feito pelos Vereadores já referidos.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha em
Comunicação de Líder.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, apenas
quero me solidarizar com os Vereadores que propuseram a Comissão Externa, para
visitar a empresa, objeto de denúncias por operários até a Comissão de Justiça
desta Casa. Apesar de concordar com os argumentos expostos pelo Ver. Vicente
Dutra, entendo que a visita, ela tem o seu fundamento, na medida em que,
paralelamente a essa providência, o caso está sendo devidamente encaminhado à
Promotoria criminal, órgão esse que, temos certeza, como tem feito em casos
semelhantes, irá tomar todas as providências no sentido de apurar as
responsabilidades havidas com esse fato. Mas, por outro lado, Ver. Vicente
Dutra, eu entendo que esta Casa, na condição de representante da população de
Porto Alegre, devemos tomar, paralelamente às medidas policiais e judiciais
cabíveis, aquelas medidas políticas que entendemos cabíveis, se comprovadas as
responsabilidades e as acusações trazidas ao conhecimento da Câmara de
Vereadores por alguns operários daquela empresa. E repito, acho que, se
comprovarem, são, realmente, de uma gravidade que nos preocupa a todos. Mas eu
gostaria, também, depois de me solidarizar e que aceito a indicação para ser um
dos membros desta Comissão Externa de, mais uma vez, utilizar a tribuna para
manifestar a minha indignação à maneira como vem sendo tratada pelos meios de
comunicação, como continua sendo tratada por alguns meios de comunicação, a
questão da Vila Juliano Moreira. Esta Casa aprovou por larga maioria um Projeto
de Lei, de autoria do Ver. Luiz Braz, que muda o regime urbanístico da área
onde, hoje, se situa, e da há muitos e muitos anos se situa, a Vila Juliano
Moreira. Eu, pessoalmente, assisti a um programa da TV Guaíba, Câmera 2, em que
representantes da Fundação Zoobotânica compareceram e expuseram argumentos que
não condizem com a realidade. O próprio comunicador que coordena aquele
programa, Jornalista Clóvis Duarte, tirou conclusões que condizem menos ainda
com a realidade dos fatos daquela Vila popular. Chegou a afirmar, aquele
Jornalista que, provavelmente, os Vereadores que votaram a favor do projeto não
sabiam nem o que estavam votando. E o representante da Fundação Zoobotânica
chegou ao ponto de dizer que os Vereadores que votaram favoravelmente ao
Projeto de Lei do Ver. Luiz Braz teriam interesses escusos, provavelmente
ligados a empresas ou loteadores do ramo imobiliário em Porto Alegre.
Imediatamente eu me comuniquei com o Ver. Luiz Braz e, no dia seguinte, ele
compareceu ao mesmo programa. Mas, hoje, novamente, traz à Casa, notícia de que
num programa, da Rádio Guaíba, o assunto foi levantado e novamente deturpado.
São veículos de comunicação que levam informações a milhares e milhares de
ouvintes que, por certo, se não tiverem as informações do outro lado, haverão
de julgar os Vereadores, desta Casa, como incompetentes, negligentes, e que
votam os assuntos sem se preocuparem em estudá-los previamente. Aquele caso da
Vila Juliano Moreira, repito, não tem nada a ver com agressão ao parque
administrado pela Fundação Zoobotânica, e entendo que a Fundação tem coisas
mais importantes a cuidar. Cito o exemplo do Parque Delta do Jacuí, e que
tivemos a oportunidade de visitar uma parte dele, e que está literalmente
tomado de lixo, e por criação de porcos. É um assunto muito mais grave, e a
Fundação deveria estar preocupado, e não com menos de uma centena de moradores
dignos, trabalhadores desta Cidade, e que têm direito a um lugar para morar, e
que só não adquiriram judicialmente, este direito, porque estão em cima de
terras públicas, e sabemos que não cabe ação de usucapião contra o Estado. Só
por este motivo, porque, do contrário, além de legítimos possuidores, seriam
legítimos proprietários daquela gleba. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Voltando ao Grande Expediente, com a
palavra, o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, as
questões populares, como esta, ligada à Vila Juliano Moreira, são problemas que
devem preocupar a todos nós e, em especial, aos que lá residem. A Vila Juliano
Moreira, na verdade, não é se agregaram mais algumas casas àquele povoado uma
vila; - ali próximo das instalações da SMOV, da divisão de iluminação pública e
divisão relativa a pavimentação, dos logradouros públicos -, atrás funcionava
uma parte do Hospital São Pedro com aqueles dementes não tão perigosos. E logo
a seguir na direção Salvador França para a Cristiano Fischer, moravam famílias
relacionadas justamente com aquela parte que era a Colônia com relação ao
Hospital Psiquiátrico São Pedro, e hoje posteriormente inicial que era uma
metade de rua. Eu até estranho que tenha causado tanta polêmica, tenha tomado
tanta relevância esse assunto. A maior parte, 80% no mínimo das famílias
residem naquela área já estão ali há muitos anos, a par disso nobre Ver. João
Dib, o Jardim Botânico dispõem de uma imensa área, relativamente a qual ele não
toma providência alguma no sentido de aproveitá-lo na finalidade para a qual
ele foi criado. É de surpreender, e por outro lado cedeu já boa parte da área
para instalações de outras entidades, e agora se lança contra aquele povo,
quando eu ouço falar aqui que até nós teríamos outros interesses que não apenas
o de atender aquela coletividade eu fico surpreso, porque a maior parte das
pessoas que residem lá são famílias pobres, são famílias de poucos recursos.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu fico estarrecido pelo pouco entendimento de
pessoas que teriam muito mais responsabilidade. Até na ação que foi intentada
em juízo contra o Município e contra a Câmara, porque na realidade quando nós
revisamos a utilização da área não fizemos nada de mais, não se poderá
construir na área, não se poderá fazer arruamentos na área, não se poderá
lotear, enquanto não houver um documento de propriedade que hoje continua do
Estado à Fundação Zoobotânica, tanto que nós damos oportunidade de um debate até
agora, se na Justiça o Estado vencer a questão, nada impede que área
residencial tornada por esta Câmara seja utilizada num parque. Agora o que não
poderia ocorrer é que a área de parque ou a área verde fosse utilizada para
construção de residência. Nada impede que o Jardim Botânico seja acrescido
daquela área se vencer na justiça, porque nós não fizemos nenhum mal a Cidade,
nenhum mal a Fundação Zoobotânica. Agora eles deveriam estudar e agredir menos.
O SR. CYRO MARTINI: Muito obrigado pelo seu aparte, nobre
Vereador. Eu também fico pasmo, estarrecido, porque é uma área que já está
ocupada há muito tempo por famílias pobres e a maior parte delas trabalhavam e
devem hoje constituir um bom número de aposentados relacionados com o hospital
psiquiátrico São Pedro.
Mas,
justamente esta preocupação com os problemas, com as questões diretamente
ligadas ao povo mais humilde, ao povo mais simples, é que hoje me preocupa e me
traz a esta tribuna para exercitar uma reflexão para levar a cabo uma
meditação. Eu estou extremamente preocupado com a sorte do povo brasileiro, do
povo rio-grandense, do povo porto-alegrense, não por culpa de fatores estranhos
ao próprio povo, mas sim por causa do próprio povo em relação a ele. Eu estou
extremamente preocupado. Quando nós lemos na imprensa que há um candidato
desapontando como favorito na carreira pela Presidência do País, e nós sabemos
que este candidato é encomendado, ele é produzido, nós sabemos que ele
representa os interesses que tem dominado a Nação há muito anos, quando nós
sabemos que os grupos dominantes já descartaram aqueles que o serviram até
pouco tempo e que ainda estão servindo e também estão descartados, políticos
descartáveis. Quando nós vimos que há de certo modo uma tendência no sentido do
povo deixar se enganar de novo, se ludibriar, eu fico preocupado e bastante
preocupado.
Vejam
a função do Vereador, evidentemente, é tratar daquelas questões pequenas, mas
que são evidentemente para as pessoas que sofrem as conseqüências delas,
deveras importante, políticas, muito aflitivas: buracos, uma lâmpada queimada,
problemas desta ordem. Mas os problemas de invergadura também nos devem
preocupar e chamar a atenção e trazer ao debate.
A
paz social é o objetivo nacional lá consignado por qualquer um de nós. Não
precisaria a Escola Superior de Guerra assim definir porque nós, brasileiros,
sabemos que isso é um objetivo permanente de todos nós. E aqueles que estão
conduzindo esse processo não se lembram que o povo brasileiro foi frustrado,
foi enganado há algum tempo; foi flagrantemente ludibriado quando do Plano
Cruzado; e não gostou; reagiu. Por isso, a minha meditação vai nesse sentido,
porque se porventura o povo novamente se deixar enganar por aqueles candidatos
que foram montados, produzidos, e amanhã se der conta que votou naqueles contra
os quais queria ter votado, quando se der conta de que votou no continuísmo,
quando se der conta de que votou naquele que significa o mesmo interesse dos
grupos dominantes, eu temo pela sorte nacional.
O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, estou atento ao seu pronunciamento e estou vendo que é
outro do PDT que está desesperado. Será que não há uma esperança faltando 120
dias para o 15 de novembro? Não está muito longe para o desespero?
O SR. CYRO MARTINI: Então, não consegui me fazer entender,
porque não estou em estado de desespero nem tenho por quê. Eu apenas estou
procurando dizer que nós, enquanto Vereadores, devemos também questionar a
respeito dos problemas maiores e devemos colaborar.
O Sr. Luiz Machado: V. Exª falou no sentido de Presidência da
República, de que um candidato está despertando o interesse da maioria da Nação
em termos de votos - não é isso aí? - e que o povo pode-se enganar novamente.
Eu pergunto se o desespero está chegando a mais um da Bancada do PDT?
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Cyro Martini, eu só espero que essa voz que ouvimos há pouco
não seja aquela voz “collorida” que nós esperamos que não surja entre os 33 companheiros
desta Casa. Esperamos que nenhum dos nossos Vereadores cometa o desatino e a
insensatez de apoiar essa farsa, esse embuste, essa nova cara da direita,
preparada na estufa da ditadura militar, que se chama Collor de Mello.
O SR. CYRO MARTINI: Justamente, nós não podemos permitir que
o processo de alienação, de inconscientização do povo, se alastre, se estenda,
pelo menos nos limites territoriais sobre os quais a nossa palavra consegue
chegar. Porque se nós nos somarmos àqueles que, através dos meios de
comunicação social, procuram fazer com que o povo não pense, de modo que ele
venha justamente a votar naquilo contra o que ele gostaria de ser votado, e
como o assunto é extremamente sério, é que acho que devemos chamar bem a
atenção do povo para que ele não se engane de novo.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, estou atento a seu pronunciamento e quero dizer que
a preocupação é sua, é de todos nós e digo por que: porque estamos assistindo
uma farsa programada para eleger um boneco e logicamente que estamos
preocupados. Estamos preocupados com a Nação Brasileira, agora eu quero alertar
ao nobre Colega Luiz Machado que eu não acredito, só vendo para acreditar que
esse jovem Vereador vá apoiar o Collor de Mello, mas eu ficarei entristecido o
dia em que ouvir do Ver. Luiz Machado apoiar um cidadão que é um enfeito, que é
um homem preparado, que é uma farsa preparada de um longo tempo. Portanto, Ver.
Luiz Machado, sabendo da sua luta, sabendo da sua capacidade de luta junto ao
povo sofrido, que é o povo da periferia da nossa Cidade, que V. Exª ainda volte
atrás nas suas idéias.
O SR. CYRO MARTINI: Nobre Ver. Vieira da Cunha e Ver. Ervino
Besson fizeram uma colocação bem melhor do que a minha e que elucidaram a
respeito. Nós como representantes do povo, temos que nos preocupar com isso aí
e transmitir ao povo a nossa preocupação. Nós estaremos escolhendo o futuro
Presidente da República. Nós estaremos decidindo o futuro desta Nação e se o
povo for enganado e se der conta de que foi iludido eu temo pela sorte do nosso
País.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador eu escutei atentamente o pronunciamento de V. Exª e o
aparte do Ver. Líder do PDT e concordo em parte com o Vereador da insensatez,
agora eu acrescentaria o seguinte: a maior insensatez que estamos assistindo
neste País é apoiar o presidencialismo porque o presidencialismo, esta forma
falida de governo produz uma ficção tipo Collor de Mello. Está aí a prova: um
boneco, não tem nada para tirar dali, mas vai ser o futuro presidente do
País...
O SR. CYRO MARTINI: Não vai ser, porque nós não vamos
permitir que o povo seja novamente enganado.
O Sr. Vicente Dutra: Eu até elogio o entusiasmo e o otimismo
de V. Exª e do PDT, mas contra os números não podemos ir contra e a essas
alturas temo que o Collor de Mello vá vencer por 51% culpa exclusiva de quem?
Culpa do sistema errado de escolha, que é o presidencialismo, isso nós viemos
dizendo há muito tempo, consenso é parlamentarismo, todos juntos dentro de um
esforço conjunto, escolhe-se um chefe de governo que vá funcionar até quando
não errar. Errou cai fora, colocamos outro e se o parlamento não estiver se
comportando direito, como não está atualmente, se dissolva este parlamento. O
maior presente que se daria hoje a esta Nação seria a dissolução do Parlamento.
O SR. CYRO MARTINI: Eu louvo V. Exª pela persistência no
princípio do parlamentarismo. Esse é um tema que nos movimentará em muitas
oportunidades, agora eu insisto é um tema extremamente sério, sobre o qual nós
não podemos, sequer, tratá-lo com ironia. Eu vejo que o povo poderá ser
novamente enganado e eu temo pela reação do povo no futuro. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
princípio, neste espaço, gostaríamos de fazer uma intervenção mais longa, mas
vamos reservar a parte inicial para algumas frases sobre assuntos que foram
tratados aqui desta tribuna hoje e que nos parece, merecem uma resposta
objetiva, sintética, de parte da nossa Bancada: em relação à SMAM, que fez o
acordo com o DOSUL, o fez sem ônus e com benefício para a comunidade, na medida
em que vai conseguir, não só alimentação para os animais do Minizoo, como
também a verba necessária para complementar as gaiolas dos animais no Parque da
Redenção, o mais tradicional da Cidade. Enquanto a Ceasa, embora cedesse sem
custos, o resto da alimentação, - porque não é resto o que o DOSUL vai
oferecer, - a Ceasa reivindicava que fosse feito o transporte pela Prefeitura.
É um ônus. Então o acordo com o DOSUL, nos parece, traz vantagem para a
comunidade.
Com relação à SMOV, que teria responsabilidade de fazer na Cidade a recuperação, no conjunto das obras realizadas por uma série de empreiteiras ou órgãos públicos que fazem, sim, a abertura de buracos e sob a responsabilidade da SMOV fica a tarefa de tapar os buracos, recuperar a via pública. Nós temos a dizer que os escassos recursos da Prefeitura têm sido utilizados nisso. O tempo, obviamente, é o tempo que demanda um cronograma em que a CRT, a CEEE, o DMAE, o próprio DEP, fazem obras e a SMOV é encarregada da recuperação. Não nos parece que seja o método mais justo, mas o convênio que existe, é o convênio que nos parece tenha que ser estudado, modificado e também com a ampliação da capacidade de recursos da Secretaria Municipal de Obras e Viação que, obviamente, está à disposição, como o próprio Ver. Artur Zanella disse aqui, desta Câmara, para debate e soluções. A Prefeitura vem estudando alternativas para as soluções. Quanto à Vila Juliano Moreira, não nos parece nem ao mar nem a praia. Acho que a intenção da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quando votou a mudança do regime urbanístico para a área, foi frisar que a terra, aquela região quando foi doada à Fundação Zoobotânica incluía na doação pessoas pré-existentes, moradores do local. A mudança do Regime Urbanístico não retira do Estado a propriedade da área e cabe e é devolvida ao Estado a iniciativa de propor solução em relação ao direito de morar daquelas pessoas que não significa o direito de permanecer na área, pode-se, sim, exigir do Estado a moradia dessas pessoas em outro local, mas a responsabilidade é do Estado que doou as pessoas junto com a área a Fundação Zoobotânica. As pessoas obviamente não podem ser doadas, as pessoas têm o seu direito de moradia e os seus direitos individuais. Portanto ao Estado essa iniciativa e essa Câmara não foi conivente com nenhuma perspectiva, quando votou, de implementação de especulação imobiliária na área. Os processos que venham a ser encaminhados de melhoria urbanística na área serão estudados pela Prefeitura e terão a atenção que o Jardim Botânico merece e que a Fundação de Zoobotânica, na pessoa de sua diretora Presidente Executiva, nos merece enquanto respeito e pessoa que encarrega-se de desenvolver uma política de preservação ambiental neste Estado com a competência que tem, mas o Estado tem o seu dever com relação ao problema que o próprio Estado gerou na medida em que as pessoas ali residentes, principalmente as de mais tempo, são funcionárias e receberam as moradias do Estado por essa condição para uso, para moradia e não para propriedade. Esgotado o período de necessidade de morar próximo ou por aposentadoria ou por facilidade dos meios de transporte que ao longo do tempo foram se modernizando na Cidade, o Estado teria que resolver esse problema por ele criado, contará sim e isso está dito, com o apoio da Prefeitura no que for possível dentro dos recursos que todos sabemos são limitados da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Na linha do esclarecimento, como a Bancada do PT não tem mais tempo
hoje, gostaria de aproveitar para, também, fazer um esclarecimento sobre a
notícia publicada na Zero Hora de ontem sobre o fechamento da Assis Brasil e da
Farrapos. Notícia que também foi veiculada hoje, pela manhã, pelo radialista
Sérgio Zambiasi, colocando a mesma notícia em termos de fechamento das duas
avenidas. Há pouco entrei em contato com a SMT para esclarecer o assunto. Esse
tipo de notícia mostra como se pode fazer de uma formiga um elefante ou um
trem, porque na verdade o que ocorreu foi que no meio de uma entrevista ao
jornalista Olides Canton, da Zero Hora, editor de transportes, entrevista que
era para falar sobre a frota disponível, o Secretário dos Transportes falou
sobre uma idéia que ele, pessoalmente, tem há muito tempo e que vai lançar para
amadurecer na discussão. Não de fechamento da Avenida, mas de inversão na hora
do pico, inversão do sentido de tráfego, para facilitar o escoamento do
transporte coletivo. Idéia que já existe sendo aplicada há dez anos no Rio de
janeiro. Mas, que é apenas uma idéia para ser discutida.
A
partir desta idéia se dá um destaque na notícia e se explora, através do rádio,
colocando já como uma coisa definitiva e que o Secretário já teria anunciado.
Ele não anunciou nada, ele comunicou uma idéia para ser discutida, que não tem
nem estudo, ainda. E se explora este anúncio, esta idéia, como uma coisa
definitiva e pior, como uma coisa contrária aos interesses populares, quando,
na verdade, com mérito ou sem mérito, quem está propondo esta idéia está
querendo, justamente, o contrário, é beneficiar a população dos bairros. E a
idéia tem méritos, pois não é à toa que funciona no Rio de Janeiro há 10 anos.
Esse
o esclarecimento, aproveitando o tempo do colega Adroaldo, visto que não vou
ter mais tempo hoje.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Agradeço o aparte de V. Exª. Passo,
então, com a atenção do Ver. Clóvis Brum, a dizer que neste dia, às 19 horas,
estaremos realizando, o Partido dos Trabalhadores, o Partido Comunista do
Brasil, o Partido Socialista Brasileiro e o Partido Verde - Frente Brasil
Popular - o lançamento do Comitê Estadual pró-campanha Lula a Presidente da
República para este País. E com a alegria e o otimismo de representantes de uma
proposta, cujo conteúdo se estriba, principalmente, nas aspirações populares,
de enfrentamento da dívida externa, tratamento radical em relação à política de
reforma agrária neste País. E que venha, através dos recursos obtidos com o
tratamento que se venha a dar, soberano em relação à dívida externa, obter
recursos para as políticas públicas neste País: melhorando as condições de
salário, de condição de habitação, educação, saúde e transporte.
Acreditamos
que este ato, mesmo não contando com a presença do candidato a Presidente, se
revela numa perspectiva de enfrentamento, sim, não aos números, que não nos
interessa nesse momento; não à simples propaganda e à fantasia que alguém possa
ter, mas com a radicalidade e a necessária capacidade que tenha a Frente
Popular, de enfrentar, no plano das idéias e da organização popular, todas as
demais candidaturas que se põem no quadro da política nacional, como
alternativas ou como opções para o eleitorado brasileiro.
Nós
não comungamos da idéia de que exista qualquer indício de definição neste
momento, a respeito de quem vai ser Presidente da República. Estamos na disputa
para vencer, estamos com objetividade e com um programa que precisa ser
entendido e para ser rebatido, será preciso idéias. E achamos que esta é a
melhor forma de vir a enfrentar candidaturas que eventualmente ocupem sim algum
espaço maior na televisão, tenham o carinho dos setores mais reacionários desta
república, mas que só serão combatidas tais candidaturas no plano da
organização popular e na defesa radical dos interesses do povo.
Aproveitamos
também o último espaço que nos resta, neste período, neste momento, para
registrar que neste fim de semana se realiza no Estado do Rio Grande do Sul o
sexto Congresso Estadual da Central Única dos Trabalhadores. Seguramente se
trata de um momento importante da organização da classe trabalhadora em que as
idéias, as teses em relação ao capítulo que se inaugura a partir do congresso
que conjunturalmente coloca na ordem do dia também a eleição presidencial, deve
contar com o ponto de vista dos Trabalhadores a respeito dos programas que
serão oferecidos as suas deliberações, um congresso que se realizará no
Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, com abertura na sexta-feira, sábado
e domingo, com sessões Plenárias e trabalhos em grupo que pretende reunir de
600 a 800 pessoas, delegados de cerca de mil entidades filiadas a Central Única
dos Trabalhadores. Obviamente se trata da resposta organizada dos trabalhadores
ao nível do seu trabalho e da sua possibilidade e capacidade, hoje, na
conjuntura brasileira, de responder no nosso Estado - e alternadamente se
realizarão em outros Estados a partir deste mês - congressos semelhantes
respondendo também no ponto de vista da classe trabalhadora à propaganda
burguesa que pretende dar por decidido na perspectiva do “já ganhou”, eleições
que precisam ser disputadas. E precisando ser disputadas, ainda não têm
resultado estas eleições. No nosso entendimento o trabalho que se faz
organizado no meio da população e principalmente que se faça na perspectiva de
organizar a população eleitora para fiscalizar o resultado do pleito, pode
evitar o que talvez prenuncie com o “já ganhou”, os quarenta, os quarenta e
cinco, os cinqüentas por cento, que as pesquisas venham a revelar, precisamos
estar todos aqueles que têm interesse na prevalência da democracia, preparados
para assegurar a própria democracia e a lisura dos resultados, porque eles, no
nosso entender, serão muito diferentes como já foram em algumas oportunidades,
inclusive esta Cidade demonstrou.
O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, vejo que V. Exª está trabalhando para a candidatura
do Lula e não está tão desesperado quanto o Ver. Cyro Martini. Eu notei que a
Bancada do PT está mais unida na candidatura do Lula.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Com certeza, o aparte de V. Exª não será
incorporado ao nosso pensamento, porque nós não entendemos desespero na
proposta do PDT, entendemos uma preocupação justa, entendemos uma preocupação
do jeito como nós manifestamos aqui. Agora, fica incorporado no texto, mas não
nas idéias que expusemos. Achamos, objetivamente, que o combate é no campo da
disputa e esta, com certeza, venceremos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu devo,
inicialmente, fazer aqui uma preliminar. Em seis meses de atividade, nesta
Casa, nós vamos, aos poucos, avaliando como se conduzem as Sessões Plenárias, e
temos constatado que, com muita freqüência, senão diariamente, as Lideranças da
Casa ocupam a tribuna nos momentos que melhor lhes convêm, fazem a sua
exposição e, posteriormente, saem, se retiram do Plenário. A bem da verdade,
quero dizer que há honrosas exceções, dentre as quais, nomino, os aqui
presentes, Clóvis Brum e Vieira da Cunha. Devo dizer e clamar às Lideranças
para que, imediatamente, se reunam e façam alguma coisa, no sentido de
prestigiar os Vereadores, o próprio Grande Expediente e as Comunicações. Consta
no Regimento que as Lideranças podem falar a qualquer momento. Imploro para que
se faça um acordo, definindo-se um horário para as Lideranças se manifestarem,
porque, se isso não acontecer, eu proporei uma emenda, onde definiremos um
horário para as Lideranças. Isso era muito bonito nos tempos em que tínhamos
apenas dois partidos; hoje, não se exerce uma democracia, a continuar da forma
como está, é muito Líder. Era a minha preliminar. Um aparte ao Ver. Adroaldo
Corrêa.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Concordo com a preocupação de V. Exª, agora, gostaria de salientar,
primeiro, que nossa Liderança está representada na figura do Vice João Motta, e
pelos representantes da Bancada temos uma ação coletiva; segundo, discordo de
V. Exª quando diz que há privilégios às Lideranças, acredito que elas expressam
o pensamento da Bancada.
O SR. AIRTO FERRONATO: Devo dizer, respondendo a V. Exª, que, a
continuar da forma como está, cairemos numa ditadura das Lideranças, porque são
muitos Líderes e muita Liderança para o meu gosto e todos falam à hora que
querem, quando querem e, depois, saem do Plenário. Fica registrado que,
evidentemente, a Liderança do Partido de V. Exª se faz presente com freqüência,
assim como a Liderança do PDS e, a bem da verdade, o PFL me pediu desculpas que
sairia.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero me solidarizar com a intervenção de V. Exª e testemunhar
também o prejuízo aos Vereadores, principalmente, quando da inversão dos
trabalhos, como ocorreu na data de hoje. Acho que V. Exª tem razão no seu
pronunciamento e me proponho, inclusive, a ser um dos portadores da sua
preocupação na próxima reunião de Lideranças nesta Casa.
O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Airto Ferronato, para não passar em branco, gostaria também de
solidarizar-me com V. Exª por esta proposição. Conte com o meu apoio
integralmente.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Airto Ferronato, acho que V. Exª tem toda a razão, até
porque os dias de Ordem do Dia, Grande Expediente e Comunicações de Lideranças
e Comunicações, propriamente dita, evidentemente que a reunião não terminaria,
se fossem cumpridos os horários, antes das 20 horas. Até acho que a Mesa, Sr.
Presidente, já deveria examinar uma possibilidade de escoimar, no dia da Ordem
do Dia, de votação, que só se incluísse as Comunicações e, após as
Comunicações, com inversão ou não da Ordem do Dia, as Lideranças poderiam
falar.
O SR. AIRTO FERRONATO: Plenamente, concordo. Mas feita esta
preliminar, eu também estou atento às afirmações constantes que se fazem nesta
tribuna, a respeito das candidaturas à Presidência da República. Na minha
visão, nós temos a extrema-direita conservadora e elitizada que sempre pregou o
fim do estado ou, no mínimo, que se faça do Estado um ente enfraquecido, uma
pequena estrutura.
De
outro lado, temos a extrema-esquerda que prega o Estado como uma
super-estrutura. Por muitos anos, aquelas facções que pretendem liquidar ou
aniquilar o Estado entendiam que se chegaria a este aniquilamento,
criticando-se políticos e governo. Então, se entendia que, enfraquecendo-se
governos e políticos, estar-se-ia enfraquecendo o Estado. Habilmente, esta
extrema-direita passou a verificar que o Estado não é o governo, porque os
governos são passageiros, os governos acertam e erram. Estado é o funcionalismo
público, é aquele que conduz com conhecimento e experiência o Estado no seu
todo. E a partir desta constatação pela direita é que se passou a espezinhar o
funcionário público, o professor, Professor José Valdir. Por quê? Porque se
entende que com isto se estaria enfraquecendo o Estado e viabilizando uma
candidatura da direita. Equivocadamente, os últimos governos, a nível federal,
estadual e municipal, têm inventado a figura do marajá, têm inventado a figura
do fantasma, têm inventado o casaco na cadeira. E nós devemos, a bem da
verdade, dizer: o funcionários público, o professor concursado, funcionário de
carreira, não é nem marajá, não é nem fantasma; é homem que ganha muito pouco,
que leva a estrutura do Município, do Estado e da União avante, é o grande
responsável pela condução do Poder do Estado. Esta constatação que no meu
entender fez com que se passasse a jogar tudo contra o servidor público, até
pela repercussão que se deu, pela divulgação que se deu, pela importância que
se deu, trouxe rendimentos políticos para alguns pseudopolíticos a serviço da
direita. Isso pegou bem e, sobre isso e só por isso, é que nós temos Collor de
Mello despontando nas pesquisas. Além desse fato, eu traria mais dois. O
primeiro deles: o próprio político, no seu conjunto, que vagueia conforme as
conveniências, que apóia um partido hoje, amanhã é candidato à Presidência;
depois de amanhã, porque perdeu, apóia outro, também enfraquece a estrutura dos
partidos. Segundo: se nós analisarmos a composição política deste País, veremos
que chegamos ao absurdo de termos dois partidos comunistas - nem na Rússia tem
isso - fora os comunistas que estão nos outros partidos; nós temos mais um Partido
Democrático Cristão que, se não tinha nenhum cristão, hoje tem um: o Sr.
Caiado; nós temos mais o PT, o PTB e o PDT, três T. O PT, que prega alguma
coisa, firme, decidido, assume o governo, concede - diz o Ver. José Valdir,
reconhece - 76% de reajuste ao servidor público quando patrão; faz uma greve
pedindo 76% na empresa privada; quando é patrão, reconhece 76%, concede 40% e
paga apenas 25%; o PTB, que, no meu raciocínio, é formado, de um lado, pelo
Jânio Quadros, de outro lado, pelo meu caro conterrâneo Zambiasi e, nesta Casa,
pelos Vereadores Luiz Braz e Edi Morelli; deve ter uma afinidade incrível com o
Sr. Jânio Quadros; o PDT, que ontem ainda o nobre Ver. Vieira da Cunha dizia
das pesquisas, que não acreditava porque as pesquisas davam Antônio Brito num
primeiro momento; depois, no dia 15/11/1986, nas pesquisas constava como
primeiro colocado o Sr. Carlos Araújo. Nós temos, por fim, o PMDB, meu Partido,
que será o vencedor desta campanha eleitoral. Quer queiramos ou não, tivemos
uma constituição que trouxe conquistas políticas no campo da democracia, trouxe
conquistas sociais, porém, dado o meu tempo eu apenas diria uma: a conquista do
aposentado, conquista justa, que antes de ser concedida já foi tirada.
Lamentavelmente, esses fatos acontecem e esses fatos enfraquecem os partidos,
enfraquecem os políticos e fortalecem aqueles que não têm qualquer posição
político-ideológica.
Para
finalizar, eu devo dizer que não acredito em Collor de Mello. Acho que o
Governador Pedro Simon cometeu um lamentável erro, quando disse que Collor de
Mello não está para brincadeira. Collor está para brincadeira sim, temos
partidos fortes, com base, com propostas, vamos chegar, sem sombra de dúvidas,
e diria mais: dará PMDB no segundo turno.
O Sr. João Motta: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu só gostaria de fazer uma pequena síntese sobre aquilo que eu
acho que representam as diversas candidaturas e as alternativas que estão em
disputa hoje. Em primeiro lugar, a candidatura Jânio Quadros já foi fulminada
pela caduquice das suas idéias. Em segundo lugar, a candidatura Paulo Maluf
também já está fulminada pela prática do vale tudo. Em terceiro lugar, acho que
a candidatura Ulysses também já está fulminada com esta disputa, devido à farsa
do Plano Cruzado que teve no PMDB seu grande responsável na sustentação
política. Em quarto lugar, a candidatura Collor será fulminada pelo
conservadorismo das suas propostas. Acho que as únicas candidaturas que poderão
polarizar a disputa serão aquelas com maior consistência transformadora em seus
programas. Acho que nesse sentido existem dois partidos que podem cumprir este
papel, que são o PDT e o PT.
O SR. AIRTO FERRONATO: Para finalizar, gostaria de mencionar o
PDS, que não mencionei, e preferi dizer aquilo que disse ontem, com referência
ao candidato, o Ver. Omar Ferri, um desastre nacional. No meu entendimento, as
candidaturas que vão chegar ao segundo turno serão as de Leonel Brizola e
Ulysses Guimarães.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Andou muito bem o Ver. Airto Ferronato
neste final de tarde. Feliz e iluminada foi a sua posição e até modesta, e até
modesta quando inclui o Dr. Ulysses Guimarães em segundo lugar. Digo mais, Ver.
Airto Ferronato, chegamos em primeiro lugar, divirjo do segundo lugar para o
Dr. Ulysses. Agora, por que será que o Dr. Ulysses pode ser o primeiro lugar
dentre os candidatos à Presidência da República, diria, não pelo plano cruzado,
não. Porque pelo Plano cruzado estaríamos enfocando a história muito recente,
pelas sucessivas vezes que o Dr. Ulysses, representando os anseios das
esquerdas neste País enfrentou os militares, concorrendo contra os militantes à
Presidência da República, sendo preso por brigadianos, por policiais de outros
Estados, sendo vítima de cachorros.
Não
vou dizer aqui que a esta época o Dr. Brizola sob, talvez, não os sorrisos
fáceis do Ver. Vieira da Cunha, mas sob o seu silêncio como menino, ele, o Dr.
Brizola, comia churrasco gordo no Uruguai, não vou dizer isto. Aos sorrisos do
jovem Ver. Vieira da Cunha, diria, menino, jovem, talvez, naquelas épocas
difíceis, quando o Dr. Brizola, perseguido pelos donos do poder, estava lá,
sofrendo na distante Uruguai. De bermudas, não, Ver. Adroaldo Corrêa, não
aceito revanchismo. O Dr. Brizola não usa bermudas.
Exatamente,
Ver. Omar Ferri, de bermudas estaria o candidato a Vice do PT.
Agora,
o Dr. Lula a esta época, Ver. Vieira da Cunha, recebia solidariedade da
Volkswagen do Brasil. Quando lhe cassaram, o Sindicato dos Metalúrgicos, a
Volkswagen do Brasil, num ato de patriotismo internacional deu solidariedade ao
Dr. Lula e ele foi reconduzido.
Agora,
negar o passado de lutas do Dr. Ulysses! Não é o candidato mais jovem? Evidente
que não é; não é o mais simpático? Não. Não é o garoto propaganda. Mas é um
homem sério em quem o povo brasileiro pode confiar. É um homem idôneo, com seu
passado, com sua história, com sua cara, com sua luta, e olhem, coisas que não
são abundantes nos outros candidatos.
Acho
perfeitamente identificada a luta do Dr. Brizola, do Dr. Lula, agora,
convenhamos, negar a ação do Dr. Ulysses, do então PMDB, no retorno a Brizola a
este País. Perguntaria, então, ao Ver. José Valdir que num gesto de Sarney,
mexe no seu bigode a todo instante, se por acaso não era o Ulysses Guimarães
que andava de cárcere em cárcere visitando os presos políticos, tirando um
daqui, outro dali? Sempre esteve contra a ditadura, em favor da
redemocratização deste País. Ele não é o melhor candidato, por não ser mais
jovem, o garoto propaganda? Sim, nisso concordamos. Ulysses nunca foi garoto
propaganda, mas foi aquele homem sério que combateu com bravura, que não
silenciou, que foi a voz dos trabalhadores e da sociedade civil na reconquista
democrática deste País.
Eu
continuarei, oportunamente, o meu discurso, porque eu confio na justiça, no
povo brasileiro, no passado de luta de Ulysses.
Se
Ulysses não foi o Presidente da República, acatamos silenciosamente o resultado
das urnas, mas o País não resgata um pouco de sua história, não elegendo
Ulysses. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. AIRTO FERRONATO (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, como sou
um homem educado, toda vez que falo diria mais ou menos assim: V. Exª e eu.
Então, quando eu disse que, em primeiro lugar, estaria Leonel Brizola, eu
queria que constasse nos Anais da Casa o seguinte: eu falei Leonel Brizola e
Ulysses por educação. Em primeiro lugar, Ulysses Guimarães.
O SR. PRESIDENTE: Está registrada a Questão de Ordem de V.
Exª.
Passamos
ao período de Explicação Pessoal. Ver. Cyro Martini. Desiste. Ver. Vieira da
Cunha. Desiste. Ver. Clóvis Brum. Desiste.
Nada
mais havendo a tratar, está encerrada a presente Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 18h05min.)
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